Um dia a casa cai
A Marinha do Brasil é a terra da batata quente: ninguém quer segurar! E, quando se é obrigado a fazê-- lo a mão seguramente vai se incinerar ... Tive várias oportunidades de observá-lo - lo na prática, quer no navio quer nos quartéis onde servi.
A situação que vou narrar aconteceu na DAdM, Diretoria Administração da Marinha. Quando tive a oportunidade e satisfação de servir com o suboficial Raimundo Ramos, com quem de fato se deu. O velho guarda com quase trinta anos de serviço ativo, sem nunca ter se quer sido chamado atenção (até mesmo no tempo de agregado). Uma ficha exemplar e admiração de todos com quem serviu pela conduta e ilibada e trato com os mais modernos, a quem sempre incentivava e aos superiores.
Ingressou na Marinha praticamente menino na Escola Naval, onde fez a prova para aprendiz e passou em primeiro lugar. Foi mandado para a EAM – CE, a mais rígida de todas as quatro Escolas de Aprendizes-Marinheiiros. Mas um dia a casa cai e a ocasião se mostrou.
A terceiro sargento Ohara, Corpo Auxiliar Feminino, o CAF, era admirada por todos, oficiais e praças. Um corpo escultural, aliado a rosto angelical, invejando a qualquer mulher até mesmo se fosse adolescente... Trabalhava na contabilidade e cuidava dos investimentos da Marinha. Era pessoa de confiança, seu chefe apenas assinava. Não era possível e admissível errar.
Certa vez por uma mancada, fez um procedimento errado e a Marinha teve um enorme prejuízo. O diretor, um Contra Almirante Intendente, foi repreendido e responsabilizado severamente, ameaçando até mesmo sua promoção. Irado, fechou a cara e chamou o imediato, um Capitão – de – Mar– e - Guerra na iminência de ser promovido. A cascata foi descendo e se avolumando, sob risco de ser batida uma parte, caso o diretor não fosse promovido. A notícia teve repercussão e a CAF, em desespero, chorava perante o chefe do setor responsável.
- Saia daqui! Chamem o sub! Berrava descontrolado pela raiva... E aquele velha guarda tomou uma chamada pior do que um recruta, sem ter culpa de nada.