NADA TEM SEU LUGAR, SÓ OCUPAM UM LUGAR
Não nascemos programados para sermos,
Filhos de cientistas, parentes de estadistas.
O ato da evolução, num fato que traz involução.
Filhos imaturos de um sistema que não possibilita temas,
Escassez da interação, desmotivados de ação.
Quem não se submete, vive enclausurado dentro de suas formas.
Move-se por instinto, um distinto sem distintivos.
Um conjunto de entranhas rastejantes, como um réptil em fuga.
Andarilho da estrada do destino, uma avenida sem sinalização.
Um trecho sem saída, um caminho sem volta.
Porque todo feto se mostra, chupando o dedo dentro do ventre materno?
Até hoje chupamos o dedo, esperando “o nada vestido de tudo”
Como uma noiva que exibe seu véu com a calda embrenhada em meio ao chão crivado de pegadas.
O que seria relação humana?
Um obelisco que ostenta o ser, como um amortecedor que ostenta o automóvel.
O meio de vida da interação entre os povos, afazeres múltiplos.
Uma busca constante do acaso, para os que se equilibram na corda bamba torna-se descaso, malabaristas do tempo inalterado e depois do ultimo suspiro o alivio.
E dentro disso tudo um agregado de cabeças pensantes, sempre com pressa de chegar;
Chegar primeiro, gastar primeiro, sorrir primeiro, ser o primeiro... Sempre.
Vidas vazias que não se enchem só com entusiasmo, adquirem os pertences
Em cima da mesa os pertences trocam de lugar...
Nada tem seu lugar, só ocupam um lugar.
As roupas secando no varal revestem seu corpo..
São lavadas, dobradas, usadas qual seu lugar?
Desbotam, desgastam, rasgam...
Dando lugar a uma nova peça do magazine da esquina,
No mesmo lugar que já foi à padaria, a pizzaria, a casa da família Hernandez...
Nada tem seu lugar, só ocupam um lugar.