A limpeza nossa de cada dia

Nas cidades grandes nem sempre conhecemos nossos vizinhos. Moro há mais de quinze anos nesse lugar e mal conheço um vizinho da minha rua. Defronte minha casa há um prédio de apartamentos e bem em frente à minha janela mora o Pedrinho. Na realidade eu não sei o seu nome e nem os de seus pais, mas para desenvolver este texto decidi dar um nome à esta criança que deve ter entre sete e oito anos. Um garotinho alegre que em todas as manhãs dos dias que o caminhão da limpeza pública passa, ele fica de prontidão para cumprimentar aqueles que são essenciais às nossas vidas, para nossa cidade e que nós, os adultos, mal os vemos. Sim, não podemos olvidar que o lixeiro é fundamental para que tenhamos saúde, conforto e dignidade. Esses homens devem ter espíritos muito evoluídos pois, via de regra, estão sempre contentes, mesmo trabalhando de sol a sol em contato com a imundice que geramos diariamente.
Mas voltando ao Pedrinho, que me encanta com seu gesto largo e frases amistosas para com seu "amigão", vejo que aqueles poucos segundos de troca com os heróis da limpeza urbana, trazem não só a eles, mas para mim que vejo a cena da minha janela, uma certeza de que todo ser humano tem a bondade na sua base e que se não nos fizermos adultos demais, estaremos sempre removendo do nosso interior, os detritos de amarguras, mágoas e frustrações, deixando a nossa limpidez se transparecer no sorriso gratuito e fala amorosa, assim como Pedrinho nos ensina a cada manhã.
Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 19/06/2021
Código do texto: T7282240
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