Estações da alma.
Tempo e alma se misturam imparcialmente, uma fusão de sentimentos e estações.
"Dias nublados, vento gelado, noite sem lua!"
Têm sido assim os últimos dias/ noites de outono que já se despediu de suas coloridas páginas de sol alaranjado e nem tão sorrateiramente se despiu de folhas e fatos para dar lugar ao inverno - já na varanda.
As manhãs entrecortadas de meia luz do sol entre nuvens , o vento úmido arranhando o corpo e a alma.
Me pego pensando e quem me acompanha na minha vida de escritora ( Recanto das Letras) e linhas afora , já conhece essa reflexão. As estações são dimensionalidades de nós mesmos.
No primavera vejo a tenra infância onde tais quais flores nos preparamos para desabrochar.
No pleno verão a juventude impera colorida, impulsiva , musical e claro , quente de emoções , vibrações e amores.
Vem a maturidade do outono nos mostrando que na fase adulta , inevitavelmente chegam as mudanças, as perdas - folhas e emoções ao solo para readubar a terra e a alma.
Eis que surge o inverno, sóbrio, nos impondo a busca de aconchego/ sossego para o corpo e a alma.
E assim vi passarem pela janela da jornada atual primaveris encantos e desalentos também da " velha infância".
Dos verões ainda vejo, até sinto por vezes, o calor intenso das coloridas espumas em contraste com o mar, da areia quente que remete a tantas saudades/ lembranças de irmãos crescendo juntos, amigos que partilhavam bailes de carnaval, banhos de mar, serestas e risos.
Guardo dos outonos até aqui vividos a saudade nostálgica de entes queridos e amigos partindo, rumo a estação de origem. Amadurecer dói!
Chegando a mais um inverno, que aliás promete ser mais " rigoroso", a busca pela paz, pelo aconchego e pelo encontro com o que nos aquece corpo e alma.
Um vinho chileno, um chocolate quente e amor sincero de família e de amigos verdadeiros, ah como fazem falta esses últimos.
Amigos que aquecem a alma, com afeto desinteressado, com sorriso e com abraço que nos arremetem em um só bilhete a todas as estações da vida!