Muerte

Ontem, visitei o cemitério. A visita não fora planejada. Deixei o belíssimo caminho principal do cemitério Campo Grande, ladeado por árvores frondosas, e embrenhei-me por entre os túmulos. Pude ver catacumbas denunciantes de todas as classes: magníficas construções, com mil detalhes caprichosos; e outras de pouco esmero, o repouso das gentes humildes, túmulos de uma singeleza tocante. O Campo Grande, na Av. Nossa Senhora do Sabará, na zona Sul da capital, deve ser um cemitério antiquíssimo; lembro de ter lido na lápide de um velho jazigo a data do rompimento do fio de prata que separou a alma do corpo do indivíduo: dia e mês do ano de 1968. Este, se não me falha a memória, era um imigrante japonês, nascera no final do dezenove. A quantidade de nomes de famílias estrangeiras impressionou-me também: alemães, italianos, russos, ucranianos e japoneses, todos dividiam a mesma porção de terra com as famílias cujos nomes originaram-se mesmo na Ibéria. Estes eram muitos, a maioria, naturalmente. Minha visita ao fim da linha rendeu-me muitas outras reflexões. "Memento mori".

Post-scriptum: vi uma árvore no topo de um mausoléu. O tronco era pequeno, mas o vegetal estava completamente desenvolvido; suas raízes subiam da terra, emergiam da sepultura.

Vitor Marcolin
Enviado por Vitor Marcolin em 18/06/2021
Código do texto: T7281973
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