Vou dar na cara, ah vou...
De manhã cedo abro a casa, mas se o cretino do vírus tá no ar? Fecho as janelas, mas tudo fechado não dá, abro algumas janelas, minha pressão já deve estar batendo no vermelho, e se o cretino do bicho já descobriu as entradas estratégicas, a droga do vírus voa...Estou com pedreiros em casa e eles não usam máscaras, uso duas, eu e o “chefe”, entre as máscaras vai mais um guardanapo com álcool em gel, passamos o dia chapados, deve dar barato e tudo, porque geralmente esqueço de tirar a máscara na hora do café. Tranco as portas para os pedreiros não entrarem, eles trabalham no quintal, mas se der chance, algum entra para uma prosa, faço com que café sempre saia pela janela, em copos descartáveis. Os “colega” da construção civil são educados e cordiais, mas sempre penso que eles devem vir da rua com os “corongo” grudados na carcaça, usam transporte coletivo. Logo me vem a vontade de dar na cara dos pedreiros e dos chineses de Wuhan, até para digitar o nome desta praga da cidade é ruim, tem até um cantor parecido, cumé??? Wuhan Santana (das piores piadas que já fiz). Mantenho os olhos nos pedreiros, pelas janelas fechadas, sempre com a vontade de acertar a fuça de um, odeio obras. Já estou bem mais calma, mas o cachorro quer ficar dentro de casa e que sair e quer entrar, tenho que botar o cachorro para fora para fazer xixi, e vai álcool, cloro, numa destas, vou junto, sempre penso em ver Jesus bem de perto, mas depois, mudo de ideia. Ligo a TV para tomar um café com tranquilidade e ver as notícias, passo mal no primeiro comentário, penso que já é o fim e que nem tive a minha casa em Floripa. A vontade é dar na cara nos dos apresentadores de jornais – com seus olhos brilhantes de ódio e satisfação – e enfiar uma garrafa de álcool na goela de cada um, verdadeiros urubus de festa. Penso muito, penso nos chineses – da bosta de Wuhan – e no meu cachorro que agora chora desesperado para entrar, se eu não fosse tão calma, dava na cara, também. Por sorte, se é gente que é tranqüila sou eu, não sei onde larguei a tesoura, a espátula e a cola branca, aposto que em cada rótulo está escrito: made in China. God!!! já nem sei onde deixei o cachorro. Como oração faz bem, vou zapeado a TV, olho um pouco dos terços em cada canal, depois, olho a LBV e lá está o coral cantando que “Jesus está chegando”, putz, isto me deixa muito mal, fico literalmente maluca, já me vejo no “Nosso lar”, sem assunto, sem nada para fazer, encontrando o povo que já foi, estou repetitiva demais... Mudo o canal e tento outro noticiário, os governadores e prefeitos continuam roubando oxigênio e outros insumos, já disse, não tomo a possível terceira dose da Coronavac nem que “vac” tussa, que vão ficar agulha na bunda da avó deles, não que eu tenha medo de injeção...nada... Desligo a TV com muita vontade de dar na cara dos pedreiros, do cachorro, dos comedores de morcegos, nos apresentadores das TVs, até nos cantores de corais religiosos, eles têm sempre um sorriso, mas no fundo a gente sabe que estão se borrando de medo. Outro café cai bem, tomo sem notar que não tirei a máscara e lá se vai uma pilha de roupa de lã para lavar. Quando faço estas coisas cretinas de tomar café com a máscara, sempre penso em atirar a térmica pela janela. Então o dia vai indo, cachorro desgovernado, canais de TV sinistros ao extremo, muito sabão, paciência com os “colega” da construção civil, TV berrando, a pia me chamando, o rodo, o aspirador. Mas por sorte, sou calma...calminhaaaaa