A alienação envolve um mistério ambíguo de ser e não ser. É verdade que os antigos estudiosos quando desejavam se referir à loucura, utilizavam o termo "alienação mental". Por exemplo, caso você se comporte como sendo Napoleão Bonaparte, você então seria considerado alienado.
O louco, de acordo com essa tradicional concepção, é alguém que deixou de pertencer a si mesmo, é um estranho mesmo perante a si mesmo. E, uma das explicações sobre a loucura, seria que o sujeito estaria sido tomado por espíritos (notadamente, demônio ou diabretes). Alguém que não sou eu, me invadiu e, ainda assim, me representa.
É trivial afirmar que as drogas tóxicas são alienantes, e provocam a mesma alienação por idêntica causa.  O usuário de alucinógenos é, comumente, alcunhado de muito louco ou insano. O homem alienado é desprovido de si mesmo, e se distancia da civilização, portanto, se animaliza. A alienação desintegra a individualidade, através desta o homem torna-se sua negação. Mas, uma questão permanece intrigante: quando e como o homem se hominiza?
O trabalho serve para influenciar, transformar e construir mas, possui o outro lado, onde é tortura, e exige muita integração e treinamento. E, durante todo o trabalho vcê é dominado por normas que você ignora, desconhece, visando a atender aos objetivos superiores. Toda a estrutura produtiva da qual você faz parte se apresenta de forma independente de você, se tornando estranha e ameaçadora ao homem. Lembre-se que todo tipo de trabalho que você realiza, o produto não lhe pertence e, não existe nenhuma relação entre o que você produziu e o que você consome.
Enfim, o homem é o único animal que produz a própria sobrevivência, somos o que somos, enfim, pelo trabalho, posto que seja um modo de ser. O homem se projeta em seu trabalho, realiza a mágica. Mas, nos perdemos do trabalho quando ele nos abandona, e o produto que fabricamos não nos pertence... Quando, então, o trabalho se transformou em mercadoria, passou a valer pela quantidade e, não mais, pela qualidade. Então, trabalhos distintos se transformam em trabalhos iguais. Afinal, na medida em que a qualidade do trabalho deixa de ser importante e, passou a importar apenas a quantidade, estamos perante  a eliminação das diferenças individuais que foram projetadas no trabalho, através da quantificação que a mercadoria promove.
Assim, o trabalho perde sua materialidade, não mais matéria importa e, sim, o  preço, o preço que é uma abstração que independe da natureza.
No trabalho alienado, divorcia-se a identidade entre o sujeito e o objeto produzido que, ainda, se transforma em antagonismo e, então, o outro se apresenta em  mim, um ser estranho e irreconhecível. A alienação cria a solidão humana e transforma cada um de nós em seres irreconhecíveis, perante o outro, sem ter par perante a própria espécie. 
Enfim, a transformação do produto em mercadoria que gera o lucro (baseado na mais-valia) que demanda a transformação do próprio trabalho em mercadoria, vendida e  apropriada como quaisquer outras.
Eis o reinado soberano da alienação conforme bem colocou o autor Wanderley Codo, onde o produto se divorcia do produtor e, o enfrenta como ser estranaho, assim, o mundo não me pertence. E, desta forma, me separo de mim mesmo, do outro, da História, enfim, da realidade em síntese.

Referências

CODO, Wanderley. O que é alienação? São Paulo: Editora Brasiliense, 2004.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/06/2021
Código do texto: T7280651
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