Ponto de interrogação
A Covid-19 colocou um grande ponto de interrogação diante dos humanos do século 21. Com as facilidades da tecnologia anexada a nossa arrogância, acreditávamos que como “raça superior e divina” estávamos imunes. Nada nos atingiria. Um grande erro. Nossa fragilidade foi posta à prova. Fomos reprovados.
Deveríamos repensar nossas atitudes diante das mudanças que ajudamos a acontecer. O nosso planeta está cada vez mais doente, e continuamos surdos para os seus gritos de socorro. Nossa breve vida acende a luz da ilusão de que tudo continua bem. E se eu estou bem...
Não evoluímos para repensar no que fizemos ontem. O passado pode muito bem ser empurrado para debaixo do tapete. Esse não repensar nos faz muitas vezes repetir os mesmos erros que outros cometeram. Agora imaginem esses erros repetidos em escala global. Por governos, instituições e grandes conglomerados empresariais. O que acontece com nós é sempre agendado por eles.
Deveríamos refletir sobre o nosso amanhã. Sobre o futuro do planeta Terra. Mesmo que não estejamos mais aqui, ninguém deixará de receber uma boa herança. Infelizmente de boa a herança que estamos deixando não tem nada. As futuras gerações se obrigarão a viver um lugar moribundo.
Não evoluímos para refletir sobre o amanhã. O hoje é o bastante. Só temos olhos para o umbigo da nossa individualidade. Muitos passam pela vida sem sequer lembrar que no conceito de humanidade mora o coletivo. Somos únicos, mais sempre dentro de uma coletividade.
Esse nosso não repensar e não refletir acaba nos tornando escravos. Os humanos coletores foram escravizados pelo trigo e pelo milho. Nos nossos dias, possivelmente ninguém ainda escapou de ser escravizado pelo capitalismo. Há ainda outras senzalas. A das crenças. A das ideologias. A mais badalada atualmente é a senzala da tecnologia.
Tudo o que essas senzalas não ensinam é repensar e refletir. O que elas ensinam com perfeição é apontar o dedo para os que incomodam. Na pandemia as senzalas apontaram o dedo para todas as direções. Não existe sensação de êxtase maior do que estar amarrado no tronco da arrogância iluminado por luzes de néon.
Apesar das teorias, o mundo que a Covid-19 criou também ainda é um grande ponto de interrogação. Uma coisa é certa. Muitas boiadas passaram e não foram vistas. Os vaqueiros da indústria farmacêutica trabalharam pesado nos últimos meses. Outra das facetas humana é só ter olhos para aquilo que salva.
É evolutivo. Se for preciso aqueles que agora fingem nos salvar, nos matarão dentro das senzalas. Sem piedade.