Crônica do fim: Vertigem. Parte 3

Não demorei para sabe-la uma mulher só possível ser alcançada em literatura. Não podia amá-la. Primeiro, porque ela não podia ser atingida por tão supérfluo sentimento, a despeito de todas as belicistas defesas desta insânia por poetas e romancistas ao longo de toda História.

Depois, em razão, já que a Razão deve ser a mão, direita e esquerda, a segurar o manche, a agarrar a alavanca, de nossa sorte, do estado civil que me encontro, de ofender costumes que por serem reclamam nossa apatia cândida e resignada.

Tampouco era mulher para se sofrer por. Tão pouco uma paixão podia contra ela, aquela magnitude frenética de espantos, admiração onde o embaixo não causa medo, mas nos acusa a seleção inflexível de desejos que, por esforço a se aplicar, não conseguimos alcançar nem mesmo o conceito.

Consumida em mim esta espécie de certeza, pus-me a construir a trama que daria no arabesco ainda sem forma que iria dar na tradução de tudo o que eu pudesse alcançar com o texto que Dela se valeria.