O Paradoxo do Amor

Se fizermos uma pesquisa ampla com as pessoas perguntando “Qual o maior desejo da sua vida? Ou “Qual seu propósito aqui nesse planeta?" Que respostas teríamos?

Eu me arrisco a dizer, a opinar que duas respostas teriam uma massiva porcentagem.

Afora algumas respostas bizarras ou imaturas, a maioria (na minha opinião, sem base científica de pesquisa, ok?) imagino que seriam: “ser feliz!” (óbvio!).

A outra resposta que imagino seria: “ter um amor! Amar e ser amado(a).

Faz sentido? Tem alguma lógica?

Concorda comigo?

Pensando bem, me atreveria a colocar uma resposta entre as “mais mais”: sermos aceito como somos!

Meu estudo aqui é sobre o amor! Portanto vou me focar na opção “amar e ser amado(a).”

Até porque, ser feliz passa obrigatoriamente pelo amor! Ou se entrelaça nele!

Sermos aceitos também envolve amor! Amor como forma de respeito!

Quando falo amor, não penso somente em amor romântico sexual de um relacionamento! Penso em todo tipo de amor: amor de pais para filhos, amor entre integrantes da família, amor romântico, amor de amigos, amor a animais, amor pela arte, por artistas e sua obra (atores e atrizes, músicos, etc.), amor a esportistas... todo tipo de amor possível e nossa vida! Com ou sem correspondência.

Todos nós queremos amar! Claro, também sermos amados!

Amamos para ser amados, até!

Abrimos muitas vezes mão de opiniões e comportamentos próprios para sermos amados. O que entendo ser um erro, mas enfim... hoje não vejo como uma opção saudável somente fazer coisas para sermos amados! Numa forma mais diria evoluída e madura, devemos se amados pelo que somos!

Esse talvez seja um amor daqueles que chamamos de “verdadeiro”.

Som, queremos ser amados, e do jeito que somos!

Queremos ser aceitos como somos e sermos amados, certo?

Queremos ser aceitos (e amados) pelo nosso jeito de ser, pensar, agir ou não?

Queremos ser até amados por todos!

Outro engano, pois não podemos de forma alguma agradar a todos!

Tem sentido?

Então aí entra o que Mário Sergio Cortella (famoso professor, filósofo, escritor e palestrante): "que o amor maduro é uma decisão! Uma escolha!"

Em algum momento o amor não se explica. Só se sente!

Por vezes acontece.

A paixão (diria uma das partes integrantes dos relacionamentos e ligada ao amor) acontece sem regras ou explicação, certo?

Ela nos pega! A paixão é algo mais instintivo e emocional! Sensorial!

Por ser mais emocional, diria que tende a ser mais intensa em algum nível que o amor propriamente dito!

O amor quando se estabelece, quando passa o tempo, com amadurecimento de todos na relação, tende a ser mais coeso, portanto, mais racional! E de uma forma didática, só a título de explicação, esse amor nos parece mais ameno, mais morno que a paixão avassaladora que pode nos tomar! E perene!

O amor me parece sim mais pensado racionalmente do que a paixão!

Porque em fase de amor, temos mais questionamentos racionais do que a paixão!

E entendo isso ser um processo natural.

Ah, o amor! Cantado em verso e prosa! Inspira poetas, músicos e todo tipo de artistas!

E nos inspira numa busca incessante!

Como se não fôssemos ou pudéssemos ser felizes sem um amor!

Sem dúvida, o amor é uma energia poderosíssima!

Como disse Mahatma Gandhi: “só o amor cura, nutre, une, entusiasma, faz nascer, alivia, materializa, motiva... possibilita a vida!!

Ah, o amor! Quem não sonhou, imaginou, desejou amar! E ser amado(a)!

Quem não?

Mas, e quando o amor acaba? Sim ele pode acabar! Deixar de existir, de ser, de fazer sentido!

Há quem diga que se acabou, era porque não era amor verdadeiro!

Discordo plenamente! Isso é somente uma crença limitante.

Somos seres feitos para amar! E não concordo que só amamos uma vez (no sentido romântico, de relacionamento).

Somos capazes de vários amores verdadeiros em nossa vida!

Mas ele pode acabar, como não?

Para provar meu ponto de vista, vou reproduzir aqui um poema de minha autoria (já publicado isoladamente aqui no site Recanto das Letras, que diz bem o que sinto, e acredito, que sim o amor acaba.

“Amor acaba?

Amor sem respeito, acaba!

Amor sem carinho, acaba.

Amor sem beijo na boca, acaba.

Amor sem sexo, acaba.

Amor sem parceria, acaba!

Amor sem química, acaba!

Amor sem comprometimento, acaba!

Amor sem paciência, acaba!

Amor sem admiração, acaba!

Amor sem novidade, acaba!

Amor sem abraço, acaba!

Amor sem tudo isso acima, acaba...acaba caindo na mesmice, na rotina!

Amor sem comunicação, acaba mesmo, porque se tornam pessoas diferentes, não conversam para renovar, retomar esse sentimento!

Se tornam estranhas debaixo do mesmo teto, na mesma cama!

Passam a ter objetivos de vida diferentes!

Porque passaram a ser diferentes!

Perderam os elos de ligação!

Aí quando percebemos que o amor se foi, nem reconhecemos mais a pessoa que estamos com ela!

Nem sabemos mais porque estamos com ela!

Nem lembramos mais, o que nos fez ficar com ela!

E aí então, não queremos mais ficar com ela!

E não entendemos o que aconteceu...

Não entendemos mais porque o perfeito, virou defeito!

Porque o amor, virou rancor!

Às vezes até negamos que tenha sido amor...

...porque só resta o torpor, o terror, o amargor, o bolor!

Nada mais resta a fazer, a não ser cada um se recompor...

Até quando passar a dor...

...e vier outro amor!”

Como dizia, na minha opinião, na minha percepção, o amor que um dia foi forte, verdadeiro, pode acabar, sim!

E seria até ingênuo (e em alguma instância vingativo) dizer que não era amor ou que não era verdadeiro!

Amamos sim! Era verdadeiro! Mas acabou! Se perdeu!

Deixou de fazer sentido para nós!

O amor pode acabar no meio de uma relação, até se decidirem separar por perceberem a falta dele!

E esse amor pode perdurar ainda, mesmo a relação tendo terminado!

Ou não?

Aí que vem a tal da “sofrência”, a dor de amor, o desespero, a tristeza, o estado depressivo e mais uma gama de sentimentos negativos quando a gente ama ainda, e não somos mais amados! Quando a relação termina!

É dolorido, não?

Quem nunca sofreu por amor? Quem não?

Pois é aqui que entra o cerne da minha crônica.

Que decidi chamar “o paradoxo do amor”!

Por que quando a relação termina com a gente amando ainda, o que acontece na maioria das vezes?

A gente quer justamente que esse amor acabe!

Que ele pare de nos fazer sofrer! Não é isso?

Assim como um dia quisemos amar muito, podemos um dia querer muito deixa de amar paradoxalmente!

Desejamos (por estarmos sofrendo) que esse amor em nosso coração se apague! De uma vez por todas! Não é isso que acontece?

Nos afastamos de tudo que nos lembra aquele amor... fotos, músicas...tudo que possa lembrar e nos fazer sofrer de saudade, de amor!

Se o amor acaba em nós, é relativamente fácil desfazer o relacionamento.

Mas se o relacionamento acaba e nós ainda nutrimos amor... é doído!

Muito doído!

E não há fórmula, receita... para uns demora muito a passar!

Até demais!

Mas ele também vai acabar em nós!

Porque existe uma lei na natureza, sinalizada na filosofia de Sidharta Gautama, o Buda, que se chama Lei da Impermanência.

Nada no universo perdura para sempre, tudo se transforma continuamente e caminha para a própria dissolução. Isto nos lembra que não devemos nos apegar às coisas, pois todas as coisas são temporárias. ... É justamente essa impermanência que possibilita a renovação do universo.

Então a solução, a cura para essa dor de amor é uma só: desapego!

Também a nossa valorização!

Reforçar nossa estima!

Não carregarmos culpa!

Perdoarmos o outro e a nós mesmos!

E o tempo...

Cada coisa no seu tempo.

E um dia, quando menos esperar (a ansiedade faz sofrer nesse processo... melhor não ter expectativa de tempo... deixa fluir), você estará liberto(a) daquele amor!

De repente aquele amor não existe mais em você!

Não tem sentido!

Não tem mais valor!

Se você consegue olhar para aquele amor sem raiva, mágoa ou vingança... estará bem próximo da cura emocional!

Se não se fizer de vítima!

Afinal, atraímos em alguma instância aquela pessoa para nós!

Para deixarmos de sofrer se faz necessário uma certa maturidade.

Deixar ir embora!

Assumir nossa responsabilidade, mas sem culpa!

Sem auto flagelo emocional!

Se olhar para trás e não sentir nada negativo, é a prova que superou!

Atenção, se tiver raiva e mágoa, ainda não se libertou!

Seu ego está ferido! E está ferido porque ama ainda e não aceita!

A prova de que esse amor acabou é a neutralidade!

Olhar para aquela pessoa e não sentir nada!

Absolutamente nada!

Aí estará curado(a)!

Como disse aqui, o amor não se explica!

É paradoxal!

Um dia queremos amar muito! E sermos amados na mesma medida!

E um dia queremos muito deixar de amar!

Queremos muito deixar de amar... quem não merece mais nosso amor!

Chegar nesse estado é absolutamente libertador!

Não nutrir mais sentimentos (amor, paixão, tesão, amizade, etc.) para quem não queremos mais nos dedicar.

Aí estaremos prontos!

Prontos para que?

Para abrir nosso coração para outro amor!

Sim! Um novo amor em nossas vidas!

Ninguém é condenado a amar uma só vez na vida! Isso é uma crença somente! Outra crença limitante.

Nós temos sim direito e possibilidade de amar novamente!

E mais forte e maduro que o anterior! Mais significativo!

Por que não?

Assim é o ciclo interminável das nossas vidas nesse planeta!

Onde nada, absolutamente nada é para sempre!

Como disse o poeta Vinícius de Morais: “Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure!”