Enigmas da vida
Quando o que é comum se transforma e já não tem mais forma de se revelar, é quando já não se tem tanto tempo para passear por aí ou quando os limites impostos são cuidados por aquilo que se transformou.
Talvez poderíamos dizer que olhos, ouvidos e palavra atendem, agora, outro chamado ou retornam para o que divergiram, antes. Agora, é convergência, retorno ou volta. Agora, é a origem que chama.
Não é uma questão de importância ou efemeridades, não. Está longe de se atribuir os nomes recolhidos pela estrada, a tudo isso. Tudo, absolutamente tudo, possui seu valor mesmo que não venham junto. Tudo percorre o seu percurso e que, respeitados se tornam porque este que chama diz: "cada qual traça as linhas desse desenho maior que ainda não veem." E mais que dizer pôde-se ver e viver seu próprio percurso.
E como partícipe atuante, não há como não ir e diante do seu próprio traço saber: fiz a minha parte, cumpri com as idas e com as partidas todas que senti e vivi na pele quando distante... de mim. E nesse retorno, ainda vivo e sinto o sabor de voltar ao lar. E tão importante quanto viver a ida, é viver a volta na mesma intensidade, ou não. Quanto ao faro... seguir o rastro pelo faro, é uma dádiva que se desperta na ida, então, desperta ou vivida tal conquista, eis a bela sina do retorno.
Sim, foi e é preciso, percorrer espaços e nada recolher. Não nos enganemos, nada se recolhe, nada é seu nesse percurso, apenas se vê e se presencia em cada toque. Aliás o tato é coisa dessa ida e quando bem explorado, ativa o que antes era a única versão de você mesmo, o faro. E quando for chamado poderá dizer: "tarefa cumprida". Pelo menos até onde nossas pernas podem alcançar. E isso é uma verdade, a vontade é sem dúvida muito maior do que elas, e elas não possuem o compromisso de ir onde essa vontade alcança e sugere. As pernas possuem outros destinos para nós, sua concretude nos arrasta até mesmo contra a vontade. E isso é outro espaço por onde percorremos e de essencial importância, diz da soberania das nossas origens a nos lembrar a que viemos.
E lá estaremos nós, levando de volta nossos olhos, ouvidos, boca, mãos e o representante de nossa origem, o faro, nossas narinas que nunca nos permitiu cortar os laços, definitivamente.
Sim, são enigmas da vida, são reentrâncias de um coração, mas acima de tudo vida, a voz que não cala e se denuncia a cada letra ou gesto, suportados pela coragem de ser, vivo. E dizer a si em cada versão reencontrada: eu estive e sou por aí!
Kátia de Souza - 12/05/2021
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