ATÉ SANTO ANTÔNIO DESISTIU
Hoje é dia do santo casamenteiro. Aprendi isso ainda na infância, tempo em que fazer fogueira na frente de casa era permitido. Nem havia “tirado a catinga do mijo”, aos doze anos de idade eu tinha uma paixão, “o homem da minha vida” (agora eu ri). E então, chegado o 13 de junho, era hora de apelar para o santo e para as simpatias. Os rituais eram muitos e envolviam uso de tesoura, faca enfiada na bananeira, água benzida na frente da fogueira, alianças, fios de cabelo (minha nossa!), para citar os que me veem à memória.
Com o tempo, e diante da dificuldade de arranjar um par romântico, comecei a achar que as simpatias, todas, eram mentirosas ou, então, minhas preces eram ignoradas. Porém, um dia aconteceu, estava ali o homem! Mas, claro, bastou pouco tempo pra eu querer voltar atrás. Deu tudo errado, o que atribuí a um possível equívoco do santo. Como não, se ele tem outras tantas como eu atormentando seu juízo? E como me livrar daquela “bênção”, já que o santinho não se envolve mais na história a partir daí, foi um evento doloroso.
Arrependida da minha descrença, segui apelando para Santo Antônio, a cada 13 de junho reiterando meu pedido de ter alguém, até aquele ano em que ele encerrou todas as minhas ilusões, indicando São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis, não como solução, mas como uma possibilidade diante dos meus conflitos existenciais. Meu caso, de gente doida, deixou de ser de sua competência.
Assim, restamos sós, meu ceticismo, meus transtornos e eu, sem namorado, sem marido, mas escrevendo, o que me salva e me faz rir de tanta loucura.