Testemunhas oculares
Fazer uma caminhada em meu quintal, circulando nos meus dez por vinte metros de área livre, bem pequena é verdade, mas o suficiente para uma missão que cumpro com prazer sempre que possível, geralmente após a volta do trabalho. É um hábito, chegando a fazer parte da rotina. São momentos em que aproveito para descontrair um pouco da tensão com pensamentos, atos e orações.
Neste espaço limitado, uso todos os vértices da área para um maior aproveitamento do terreno. Enquanto caminho, vou fazendo minhas digressões e nesse de vagar, nunca estou sozinho, considerando os rostos da plateia, impressos no muro, em destaque na marca da cal na pintura já desgastada.
São imagens que me observam caladas com suas expressões inertes.
Elas e o Seedorf, são testemunhas destes momentos de pura descontração, em minha pequena prática noturna de exercício tão necessário ao corpo e à mente.
Para meu pequeno cão, sempre dirijo algumas palavras, para elas, apenas o olhar a cada passagem, tenho receio de ouvir (im) possíveis respostas...
São rostos que me trazem à mente a lembrança de algumas personalidades, conhecidas, famosas ou simplesmente anônimas, antigas como a imagem de Tiradentes e Rui Barbosa, ou contemporâneas como do cantor Benito de Paula entre outros ilustres.
Em meio a outras formas aleatórias, visualizo rostos de índios apaches, relembrando as páginas de revistas em quadrinhos.
Sei serem frutificações da minha imaginação, mas da sala onde estou a escrever, posso ver o sorriso de uma delas como que agradecida por sentirem-se lembradas...