Terapia

Na sala de espera esperava o homem.

A psicanalista precisava de alguns minutos antes de começar sua sessão.

O minuto se converteu em segundo, e durante este breve momento, ele quis pensar no que diria a ela... “Preciso pensar em algo rápido!”

Mas não deu tempo! Logo a psicanalista apareceu à frente.

Voltava correndo? Até o quis! Mas já era tarde demais para uma fuga!

Sentou-se numa cadeira confortável demais, embora desconfortável se sentisse.

— Não sei o que falar... doutora! — disse o homem.

— Experimente dizer o que vier a sua mente — disse a ela.

— Bem, esses dias eu estava olhando a minha rede social e notei que não escrevi uma biografia para mim. — contou ele.

A psicanalista fez um silêncio clínico.

— Mas... eu perguntei a mim: "quem eu sou?"

— E aí? — Atiçou a psicanalista.

— Surgiu uma imagem nos meus pensamentos, uma criança que abre um brinquedo para saber o que há dentro dele — respondeu o homem.

— Você era a criança ou o brinquedo?

O homem travou com aquela pergunta.

— Hoje a gente fica por aqui! — disse a psicanalista encerrando a sessão.

Foi-se embora pensativo, pensando se era a criança que abria o brinquedo ou o brinquedo que era aberto pela criança.