O guru e o sacerdote
A técnica do guru era a meditação que envolve o movimento, a dança, a catarse e o silêncio que te leva ao paraíso. Nos tempos em que os jovens contestavam os valores que seus pais acreditavam, havia o pensamento do amor livre e se ouviu a chamada para o noroeste do pacífico, onde se pregava a paz e a liberdade. Era fácil seguir alguém que lhe apresentava a quebra do tabu do sexo e oferecia uma vida com a livre expressão da sexualidade, algo tão reprimido na época.
O mestre espiritual fazia crescer de forma diretamente proporcional seus seguidores e seus haveres a desejar aumentar ainda mais a sua influência, uma sensação incontrolável que contradizia a sua arte de meditar, pois a busca por esse poder nomeava alguém que cometera crimes contra a humanidade a resgatar milhares de moradores de rua em troca de votos políticos e a lhes oferecer armas para que balas se perdessem no ar até encontrar o alvo da banalidade.
O sacerdote também é filósofo. Ele é considerado o rei da retórica e persuade uma multidão a seguir aquele que oferece armas, fármacos e liberdade de ir e vir de seu rebanho a mostrar a sua cara durante uma pandemia que já matou quase meio milhão de pessoas nesta região sul do atlântico.
O aconselhador do grande líder recebe doações e vende livros e palestras e tal qual o guru desfila pelos arredores de seu rancho com seu automóvel luxuoso e entra na mente dos pobres a colher suas cédulas eleitorais a favor dos interesses do poder que é estimulado pelas palmas das mãos que se batem a fazer ruídos que simulam o bater das cabeças dos que lutam pela vida. Há uma semelhança entre ambos, entre os casos e seria um grande pecado imaginar o profeta um dia ser deportado do seu "Reino".