Sossego que prolonga a vida
Desde pequeno que escutei dos grandes a expressão “perdi o meu sossego” ou que alguém “está tirando o meu sossego”. Lamentavam como se fosse uma perda angustiante. Isso é Filosofia, da boa, sobretudo epicurista, que nos admoesta que a felicidade está na ataraxia, no estado de imperturbabilidade, o que só se consegue com contínua prática de equilíbrio e elevação do espírito, desapego ao ouro e à sua gananciosa acumulação... Difícil, sim muito difícil, mas o que é bom sem ser difícil? O fácil é a acomodação ao laissez-faire, ao haja o que houver, ou à fé irracional ao princípio de que “o que tem de acontecer acontece”. Ora, ora, é isso óbvio, sobretudo porque só se afirma isso, depois que acontece. Assim, atribui-se à morte que ela tem o seu dia. E poderia ela acontecer fora de um dia? A causa mortis não é o dia, o que se chama de dia é inevitável, já que ele preenche todo o espaço do tempo, e fora dele não haveria espaço, nem salvação... A compreensão de tudo isso nos dá sossego.
Estou numa idade, com tanta experiência de vida, que já sabe os lugares que interrompem o sossego. Esses são muitos; por exemplo, num frisson da multidão, especialmente se você tem a preocupação de não se perder do seu grupo ou é responsável por tomar conta de criança que gosta de correr ou até de se esconder. Enfim, o sossego habita mais em casa, embora que, em certas casas, perde-se o sossego, então o observado que são essas mudanças repentinas de casa, mas não para viver na rua, no agitado corre-corre. Nesse sentido, as ruas das metrópoles são insuportáveis, causam medo, inclusive sendo fáceis circunstâncias de violência. Quem quiser barulho, em todos os sentidos, requer ambiência de zoada, como se fosse o silêncio, maior causa do sossego, uma negação da sua existência. Há quem, ao chegar no seu apartamento, sinta-se num tremendo isolamento, e para se dar existência, liga, em desconfortável volume, rádio, tv e liquidificador, agradando-se com latido do seu pet.
Mas como refletir ou pensar sem o silêncio? Concluo que indivíduos que não pensam nem refletem objetam o silêncio, e consequentemente são incapazes de qualquer reflexão, daí, esse barulho, nas redes sociais, cheio de fakenews e outras distorções, coisa peculiar no WhatsApp de quem já preserva tv e rádio ligados. Nesse aspecto, lamentavelmente, verificam-se multidões de indivíduos isolados, com suas caras enfiadas no celular, desconhecendo pai e mãe, mulher e filhos, ou namoradas e namorados. O dia dos namorados vem aí, quando muitos enamorados amarão, acima de todas coisas, seus celulares... A angústia será se esses monstrengos perderem a sua carga. E assim ocorrer, não haverá conversa, porque não haverá assunto, assunto, sem nexo, falso, só se fosse no celular com bateria. Há doentes que carregam, no bolso, duas ou três cargas de sobresselentes, menos o que dizer à namorada... A esses, a perda do celular é uma perda de sossego.
A descoberta do condomínio é uma forma de voltar à vida interiorana, da pequeníssima cidade, onde ainda se pode se sentar na calçada, à espera do vento do Aracati, na boquinha da noite; e dos pássaros, também ao amanhecer, como tenho visto, no meu jardim, alguns casais de canário da terra. Portas abertas, cadeiras na calçada, crianças brincando na rua sem a preocupação dos pais, carros passando em velocidade de 10 km por hora; controle dos forasteiros, como em algumas “comunidades” cariocas, onde se filtra quem deseja entrar... Enfim, essa ambiência propicia bem maior sossego, do que o dos parques, nas cidades metrópoles; onde cachorros são exclusivamente de estimação e guinés para combaterem escorpiões. E onde há sossego, não se enxota a natureza.
Desde pequeno que escutei dos grandes a expressão “perdi o meu sossego” ou que alguém “está tirando o meu sossego”. Lamentavam como se fosse uma perda angustiante. Isso é Filosofia, da boa, sobretudo epicurista, que nos admoesta que a felicidade está na ataraxia, no estado de imperturbabilidade, o que só se consegue com contínua prática de equilíbrio e elevação do espírito, desapego ao ouro e à sua gananciosa acumulação... Difícil, sim muito difícil, mas o que é bom sem ser difícil? O fácil é a acomodação ao laissez-faire, ao haja o que houver, ou à fé irracional ao princípio de que “o que tem de acontecer acontece”. Ora, ora, é isso óbvio, sobretudo porque só se afirma isso, depois que acontece. Assim, atribui-se à morte que ela tem o seu dia. E poderia ela acontecer fora de um dia? A causa mortis não é o dia, o que se chama de dia é inevitável, já que ele preenche todo o espaço do tempo, e fora dele não haveria espaço, nem salvação... A compreensão de tudo isso nos dá sossego.
Estou numa idade, com tanta experiência de vida, que já sabe os lugares que interrompem o sossego. Esses são muitos; por exemplo, num frisson da multidão, especialmente se você tem a preocupação de não se perder do seu grupo ou é responsável por tomar conta de criança que gosta de correr ou até de se esconder. Enfim, o sossego habita mais em casa, embora que, em certas casas, perde-se o sossego, então o observado que são essas mudanças repentinas de casa, mas não para viver na rua, no agitado corre-corre. Nesse sentido, as ruas das metrópoles são insuportáveis, causam medo, inclusive sendo fáceis circunstâncias de violência. Quem quiser barulho, em todos os sentidos, requer ambiência de zoada, como se fosse o silêncio, maior causa do sossego, uma negação da sua existência. Há quem, ao chegar no seu apartamento, sinta-se num tremendo isolamento, e para se dar existência, liga, em desconfortável volume, rádio, tv e liquidificador, agradando-se com latido do seu pet.
Mas como refletir ou pensar sem o silêncio? Concluo que indivíduos que não pensam nem refletem objetam o silêncio, e consequentemente são incapazes de qualquer reflexão, daí, esse barulho, nas redes sociais, cheio de fakenews e outras distorções, coisa peculiar no WhatsApp de quem já preserva tv e rádio ligados. Nesse aspecto, lamentavelmente, verificam-se multidões de indivíduos isolados, com suas caras enfiadas no celular, desconhecendo pai e mãe, mulher e filhos, ou namoradas e namorados. O dia dos namorados vem aí, quando muitos enamorados amarão, acima de todas coisas, seus celulares... A angústia será se esses monstrengos perderem a sua carga. E assim ocorrer, não haverá conversa, porque não haverá assunto, assunto, sem nexo, falso, só se fosse no celular com bateria. Há doentes que carregam, no bolso, duas ou três cargas de sobresselentes, menos o que dizer à namorada... A esses, a perda do celular é uma perda de sossego.
A descoberta do condomínio é uma forma de voltar à vida interiorana, da pequeníssima cidade, onde ainda se pode se sentar na calçada, à espera do vento do Aracati, na boquinha da noite; e dos pássaros, também ao amanhecer, como tenho visto, no meu jardim, alguns casais de canário da terra. Portas abertas, cadeiras na calçada, crianças brincando na rua sem a preocupação dos pais, carros passando em velocidade de 10 km por hora; controle dos forasteiros, como em algumas “comunidades” cariocas, onde se filtra quem deseja entrar... Enfim, essa ambiência propicia bem maior sossego, do que o dos parques, nas cidades metrópoles; onde cachorros são exclusivamente de estimação e guinés para combaterem escorpiões. E onde há sossego, não se enxota a natureza.