Brigas na minha rua

A gritaria rotineira parecia ter chegado ao seu volume máximo. O casal de velhos discutia ferozmente na frente das duas crianças - essas gritando também. Chamaram atenção dos moradores que, das sacadas, das portas e das venezianas, observavam a chorna. Primeiramente parecia que era mais uma briga do velho contra a menina; tendo a mulher como apaziguadora gasguita e o menino como atiçador incansável. Contudo as coisas ficaram às claras: eram os três contra o velho. Num certo momento, até agressão teve: a mulher acertou-lhe uma "toalhada" bem no coco-roco do senhor. Este, em revide, deu-lhe um murro que sabe-se lá Deus se foi forte ou não; fato é que se agrediram. O rebu continuou, mas ninguém mais resolveu se agredir: perpetuaram os gritos inentendíveis aos pobres vizinhos e, claro, os xingamentos. Uma esculhambação; não havia melhor definição. Depois de uns minutos, a dona da casa resolveu sair levando as duas crianças - resmungando muito. O que causou muito estranhamento - e preocupação - foi a menina, enquanto saltitava pela rua, acusá-lo gritando: "estuprador!". O velho permanecia bodejando e furibundo em frente da casa, chamando-a de "chantagista" e que estava a maltratar um "senhor de setenta e seis anos". Alguns presentes cochicharam algo sobre eles terem ido chamar a polícia.

Sei que depois os três voltaram, mas quem foi embora foi o velho. Depois ele voltou e ficou nessa indecisão. A polícia não veio e todos voltaram para casa, onde, até agora, parece ter cumprido seu "espetáculo" (quase) diário.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 10/06/2021
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