Aquele menino
Aquele menino
Sabe aqueles dias! Que você tem que enfrentar um vendaval de frustrações e provações, acredito que todos tenham um dia assim, eu encima da moto, pensando em tudo aquilo que tinha me acontecido, quando, cabisbaixo de cabeça sobre o punho do acelerador, ao olhar do lado abriu-se um buraco que me engoliu por inteiro.
Ao ver aquela cena um menino de aparentemente seus 10 a 11 anos de idade, afrodescendente com seu tom de pele feito alvorecer da noite, segurando firme apenas um pão em suas mãos, com uma pequena porção de derivado de carne, percebi a injustiça a qual vivemos, sua fome era tão grande e voraz que percebi que aquele foi sua primeira refeição do dia, mas como isso pode acontecer? Eram 18:30 da noite, reconheci em seus olhos o quanto ele falava para mim, estou com fome.
Minha vontade era de ajudar aquele adolescente e levar ele para casa e cuidar, mas eu sabia que no fundo ele tinha pais que o aguardava em casa, mesmo sabendo que não poderia fazer muito por ele, eu sabia que os pais deveriam amar e vi o próprio sentimento de quem não poderia dar muito aquele filho.
Me sentir o pior homem do mundo ao ver aquela cena e olhar apenas para o meu egoísmo no que estava sentindo, ante de vê-lo, e me levou a refletir quantas pessoas como eu, tem tudo praticamente e outras choram pelo mínimo, mas seus sorrisos não desbotam. Ainda fico a indagar que mundo que estamos fazendo? Eu conhecia aquele menino, ele mora na parte considerada um lugar ermo e sem esperança, na zona de extrema pobreza de meu município, morando aqui a tanto tempo, não parei para perceber, e pensar que tinha pessoas que em plena 2021 existiria pessoas que passam por isso.
Levei aquele soco de realidade, um estrondo de tristeza, um choque, do descaso com nosso futuro, que naquele momento que seria chamar para o sonho deste menino, o que movia aquela mente, como pai que sou, pensei qual rumo seguirá a frente. Todavia persiste a inquietude do que fazer, para mudar este cenário que aumenta.
Thiago Sotthero