Baseado em fatos sentimentais

Acho que no meio das trincheiras da vida uma parte de mim morreu.

E não é exagero nem nada, mas no auge da sinceridade mesmo.

Morreu grande parte do cara que andava fazendo planos com a vida, e que tinha uns sonhos bacanas.

Na maioria dos dias, eu existo e só.

Meu melhor amigo têm sido o baseado que enrolo enquanto penso na vida olhando as barcas.

“A vida da gente é engraçada e dá umas voltas do cacete”, penso.

Termino de enrolar, encaixo a piteira.

Olho ao redor e todos fumam, parece que só falta eu.

Acendo e o primeiro trago acorda a mente.

Chegando no quinto, eu penso na vida.

Penso no que eu virei.

Se realmente estou bem com toda essa situação toda,

Ou se tô apenas deixando as situações me levarem.

Pra algum lugar legal, ou um furacão – quem sabe?

Nem eu.

Só sei que parte de mim morreu.

Parece que rasparam minhas entranhas com uma pá.

E eu tô inerte, tentando saber o que aconteceu depois da bordoada.

Mas talvez seja melhor assim.

Sem planos,

Um dia de cada vez.

Como os meus tragos.

O baseado na metade, já faz a mente.

E nessas horas, penso:

“Caralho, podia ter sido diferente”.

Mas do mesmo jeito que a flecha que sai do arco não volta mais,

A palavra que sai da boca também não.

E eu, fico aqui.

Literalmente a ver navios.

Nas pedras,

Da vida.

Marcos Tinguah Vinicius
Enviado por Marcos Tinguah Vinicius em 09/06/2021
Reeditado em 10/06/2021
Código do texto: T7275290
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