O QUE SABEMOS? NO QUE CREIO?
Tenho como religião de conhecimento o princípio socrático do “sei que nada sei”. Mas o pouco que sei, está consolidado, sei.
Quanto se forma nos vazios preenchidos pelo trânsito das ideias pesadas, estudadas por lógica? Aquilo do que se apossou a alma, o “quantum” do pensamento, que em algum tempo viaja em espírito para o desconhecido.
Está cimentado o pouco que sei, que sabemos. Do que se apossou o sistema neuronal e arquivou por lógica, construindo o convencimento, é praticamente imutável. Superveniências podem mudar o sei, na consolidação das conquistas naturais a que tem forçosamente que ceder e ser mutante um novo convencimento, se a lógica assim estabelece.
A lógica é tudo na simbiose da conquista do “sei”. Não existe gradação, nem relatividade, mas estrutura logística. Aqui o absoluto é!
O núcleo da lógica é a evidência, está no cenáculo principal. Ninguém pode contrariar evidência, ela é terminativa em qualquer tema que não fuja da percepção alcançada por formação do pensamento lógico. Perderá a batalha quem se opuser à lógica.
Sócrates foi mestre de Platão e esse de Aristóteles, o estagirita, nascido em Estagira, o grande arquiteto da Lógica. As raízes da lógica ainda são socráticas como na maiêutica, quando conversamos com nosso interior e ele nos dá ou não respostas. É meu permanente exercício.
Sócrates acordava cedo, era pobre e trabalhava o necessário para prover mulher e três filhos. Era conhecido como bom debatedor, embora sua provisão viesse de seu trabalho em pedra de cantaria, esculturas singelas. Sua grande alegria e prazer era conversar. Procurava locais onde pudesse discutir, debater, após um pequeno almoço onde molhava o pão no vinho.
Ficou assim conhecido como um vagabundo. O oráculo de Delfos, perguntado por um seu amigo quem era o mais sábio de Atenas, para todos admirados, afirmou a sacerdotisa ser Sócrates, que comentou ter o oráculo indicado ser ele o mais sábio “porque era o único que sabe que nada sabe”.
O filósofo não disse isso a esmo, deixou claro ser o único, reflita-se, o cidadão exclusivo que sabia nada saber. Os outros pensavam que sabiam tudo, muito, ou muito mais alguns do que outros.
É o mal que se distancia do que é lógico. O padrão lógico é “não saber”, e de pouco se chega à evidência em lógica, seu centro irradiador.
E qual é a evidência lógica? Sem perceber por inalcançável, a outra vida. O único que sabia que nada sabia, e recusava a existência de outra vida, quando esta porta se abria por veneno condenado beber, passou a noite da execução da pena discutindo o tema de outra vida com seus amigos filósofos; “havia outra vida depois da morte"? Questionou. E começou a admitir a possibilidade fortemente, mesmo diante da contrariedade desses amigos que o incentivavam a fugir., logo que sem culpas.
O homem que sabia nada saber, e principalmente dessa grande questão, passou a saber? Antevisão lógica?
Por que tanta serenidade ao pedir a quem lhe trouxe a cicuta, como devia proceder, e após tomá-la ele mesmo, caminhar para o veneno tomar seu corpo, pedir que se pagasse uma pequena dívida a Esculápio, e com torpor nas pernas, deitar e cobrir com um pano seu rosto e morrer? Passou a saber algo mais? Parece que sim.