Como Era o Amor
Eu sabia exatamente como era o amor quando tinha 12 anos. O amor era alto, moreno, cabelos negros lisos, o amor jogava videogame e era bom em costura, não sabia tocar violão, mas sabia todas as minhas músicas preferidas. Ele ainda só não tinha me notado, ou era gorda demais, nova demais, feia demais para o amor. Mas finalmente o amor me reconheceu, mas ele era baixo, tocava violão e nem gostava de ouvir minhas músicas preferidas.
O amor me ensinou que as pessoas mudam, o sentimento mesmo quando puros podem se desenvolve para o lado negro. E como ele me mostrou isso? Bem, o amor foi mudando e ficando egocêntrico, não me fazia rir, só arrancava lágrimas dos meus olhos. O amor começou a me fazer questionar sobre o meu valor. Talvez eu não era tão boa quanto eu imaginava que fosse, talvez eu fosse muito imatura, chata, talvez eu tivesse muita sorte que o amor me aguentasse. O amor não me dava atenção e isso as vezes machucava, mas eu nunca conseguia dizer isso ao amor porque no fundo ele sabia e não se importava. Então para minha sobrevivência o amor teve que ir embora, e eu achei que ia morrer de tanto chorar. Mas não morri, eu renasci. Eu me descobrir como mulher, a solidão me acompanhou por alguns meses até o amor me encontrou novamente, e eu quase não o reconheci.
O amor dessa vez era branco, com as costas largas, olhos verdes, e os lábios avermelhados. O amor usava óculos e era bem discreto, o amor dessa vez agiu de forma sorrateira ele sabia exatamente como me conquistar. E eu quase não o reconheci, o amor tocou minha alma lírica muito antes de tocar meu corpo. O amor aguentava horas e horas de mim ouvir falar bobagens, ele não sabia tocar violão, mas tinham músicas que não gostava de ouvir porque faziam o amor lembrar outras pessoas, então eu também não gostava. Mas nós achamos um lugarzinho no sofá que nos encaixava perfeitamente e encontramos piadas que nos fazia rir. O amor era muito instável e sabia como ser um "babaca" as vezes! Mas o amor me dizia:
- Você é linda. Sempre que eu precisava ouvir, mas o amor também chora, o amor também tem marcas feitas por outras pessoas. E de novo, ele deve que ir embora, só que dessa vez foi diferente, dessa vez ele não me abandonou como os amores costumava fazer.
O amor se transformou em uma forma mais colorida. O amor era bom demais para deixá-lo desaparecer assim, sem resquícios. Então o amor se transformou em um amigo e mesmo nunca tendo admitido, essa foi uma das coisas mais amorosas que alguém fez por mim. Não estou pronta para dizer adeus, eu sei que um dia ele irá embora para sempre, mas ainda a tempo, ainda a música para serem ouvidas, filmes a serem assistidos, traumas para serem superados e piadas para nos fazer sorrir maliciosamente. Quando for a hora dele partir, eu prometi a mim mesma desligar a luz, abaixar o som, ouvir o silêncio e sussurrar baixinho.
- obrigada por ter vindo.