Fragilidades pessoais
Tenho observado, na minha visão ainda um tanto acanhada acerca da realidade da vida, que na atualidade as pessoas se encontram bastante fragilizadas, principalmente no tocante à parte emocional.
Sinceramente, vivi numa época em que levávamos na esportiva as brincadeiras de colegas de escola, de trabalho, de familiares e outros. Até as ofensas eram relevadas. Muitas das vezes, na escola, havia um desentendimento com um colega, uma briguinha depois da aula, mas logo no dia seguinte estávamos novamente “de boa”, como se dizem na gíria moderna.
Não quero aqui dizer que devemos aceitar, numa boa, as brincadeiras de mau gosto, os apelidos vexatórios e qualquer expressão ofensiva a nosso respeito. Nem qualquer manifestação que ofenda o nosso jeito de ser e de se postar na sociedade. Aliás, aceitar isso numa boa “de jeito nenhum”, como dizia o Timóteo D’Alembert. Quem se lembra dele?
Hoje o mundo está mais evoluído nessas questões [e está evoluindo], isso porque nós evoluímos e estamos evoluindo. Frutos das nossas ideias.
Estamos combatendo os “bullying” nas escolas e na sociedade como um todo. Não podemos mais aceitar as agressões verbais, físicas e psicológicas com base nas nossas características físicas, nos nossos hábitos, na nossa sexualidade e na nossa maneira de ser. Não podemos mais aceitar nenhum tipo de discriminação (étnica, orientação sexual, religião, ideologia etc). Temos, sim, de promovermos ações para combater os abusos que o ser humano comete contra o ser humano.
Uma coisa é fato, estamos cada vez mais frágeis na área sentimental. E, também, cada vez mais fragilizados pelos mais variados tipos de agressões sofridas.
Entretanto, a meu ver, sentimos ofensas por coisas [ou coisinhas] que poderiam ser relevadas até mesmo para o bem da nossa própria saúde física, mental, social e espiritual.
Uma brincadeira, promovida por um colega, pode ser interpretada como de mau gosto. Quantos de nós erramos sem a intenção de errar; quantos de nós falamos algo que, sem querer, pode ofender alguém ou um determinado grupo social; quantas vezes ofendemos as pessoas e não nos damos conta disso, justamente porque a nossa intenção não era ofender ninguém; quantas vezes um ponto de vista nosso é alvo de "pedradas" por parte de uma pessoa ou de um grupo social ou pela sociedade como um todo. Como dar opiniões? Como nos posicionarmos com a segurança de que não seremos agredidos por causa dos nossos posicionamentos?
A conclusão que chego é que devemos lutar e dar a nossa cota de participação nas ações educativas e de combate contra os abusos citados acima. Mas, também, devemos analisar com bom senso cada caso, porque generalizar os fatos pode agravar cada vez mais as fragilidades pessoais.