Quem odeia o Dia dos Namorados?
Assim como o Dia das Mães — para quem já perdeu a mãe — o Dia dos Pais — para quem perdeu ou nunca teve um pai presente — ou o Dia das Crianças — para a criança cujos pais nunca puderam lhe dar um brinquedo — o Dia dos Namorados costuma deixar pessoas que não estão namorando um pouco ou muito deprimidas.
A tradição de comemorar o Dia dos Namorados existe há muito tempo. Contam que na Roma antiga, no século III d.C., o cruel imperador Claudio II proibiu os soldados de se casarem para serem, segundo pensava, mais eficientes nas batalhas. Nem todos, porém, cumpriam a ordem. Os soldados muito apaixonados, que insistiam em se casar, procuravam um certo bispo Valentim. Valentim celebrou muitos casamentos, em cerimônias secretas. Até que um dia, durante o casamento de um jovem casal, o religioso foi descoberto. Por sua desobediência, Valentim acabou condenado à morte e martirizado. Era pois o dia 14 de fevereiro. Os cristãos o transformaram em santo. O dia em que são Valentim morreu se tornou o Dia de São Valentim, e o Dia dos Namorados em quase todo o mundo. Notem que eu disse quase, porque o Brasil tinha que inventar moda.
Em 1949, com o slogan "não é só com beijos que se prova o amor", o publicitário João Dória (pai do governador de São Paulo) teve a ideia de colocar a data no nosso calendário no mês de junho, um mês considerado fraco para o comércio, bem na véspera do Dia de Santo Antônio, o nosso santo casamenteiro das festas juninas. Então o Dia dos Namorados passou a ser comemorado no Brasil em 12 de junho, e é por isso que você que tem namorado ou namorada precisa comprar um perfume, roupa, sapatos, bombons, urso de pelúcia, smartphone etc. pra ela ou pra ele.
Mas, voltando a falar na depressão que estas datas podem trazer, digo que o assunto é mesmo sério, prova disso é que atualmente, pensando nas crianças que não possuem mãe, pai ou que vivem num modelo familiar diferente, criadas por dois pais, duas mães, por tios, avós etc., muitas escolas não realizam mais eventos no Dia das Mães, por exemplo.
Tenho certeza de que neste ano muitos casais de namorados irão relaxar no distanciamento social só para comemorarem esta data idiota fruto do consumismo desenfreado duma sociedade vazia de valores espirituais — para quem não percebeu ainda, estou sendo sarcástico — aí por ter perdido o emprego por causa da pandemia, você não vai poder comprar um presente descolado e com sorte carregará esta culpa só até o próximo Dia dos Namorados. Benfeito, seu (sua) bocó!
Conclusão: namorar é bom e na real, namorados não necessitam de um dia, mas, de passarem um tempo juntos curtindo o love.