O meu primeiro amor

O meu primeiro amor não foi nenhum menino da escola, nenhum ator ou personagem de filmes (embora eu já tenha me apaixonado por vários). Meu primeiro amor não foi um personagem de livro, apesar de já ter me encantado por tantos deles.

Meu primeiro amor foi um homem, real.

Nas coisas que li sobre ele, dizia que ele não era bonito, mas eu sempre o achei o mais belo entre todos os outros milhares.

Meu primeiro amor era simples, humilde. No dia do seu nascimento não foi recebido com muita pompa, pelo contrário, não se encontrava lugar em que ele pudesse vir ao mundo.

Meu primeiro amor era sábio, talvez tenha sido a criança e o jovem mais inteligente que tenha pisado nessa terra. Bem moço, ele já debatia com os mestres da lei no templo, sua mãe certamente passou por muitas preocupações mas fazer o que, ele já era um menino especial e único.

Meu primeiro amor era filho de um rei mas insistiu em se fazer servo em favor de vários escravos sem esperança que já habitavam aqui antes dele pisar nessa terra.

Meu primeiro amor era íntegro, justo. Mesmo conhecendo a traição, ele jamais expulsou um amigo da mesa, antes repartiu o pão que comia com aquele que um dia o trairia.

Eu não lembro exatamente quando foi que eu o conheci, mas acho que eu só existo para poder amá-lo. Mesmo antes que eu viesse a ser, ele já era o meu primeiro e maior amor.

Porém, eu nunca fui tão fiel a ele. Me apaixonei por outros no caminho, alguns sorrisos me fizeram desviar o olhar do sorriso mais sincero que eu já vi, o do meu primeiro amor; alguns abraços me fizeram fugir do lar que era o abraço dele; algumas palavras açucaradas me fizeram esquecer de quão doce e tranquila era a voz dele. Do meu amado e agora, distante primeiro amor.

Contudo, ele também me amava demais e decidiu fazer o que muitos chamavam de "loucura". Ele morreu por mim. O meu primeiro amor me amou tanto que decidiu morrer por mim para que eu tivesse a chance de tê-lo como meu amor novamente.

Agora, em uma imagem de extrema dor, sofrimento e

humilhação ele me mostrou que eu também era o seu primeiro amor.

Entrei em desespero. Eu o havia perdido para a morte, pensei desolada.

Então, em um domingo, enquanto andava até o seu túmulo, o vi vazio. Roubaram o meu amor, pensei apavorada.

Um homem estava na porta, e eu corri até ele perguntando se ele o havia visto, mas ao ouvir a voz daquele homem, imediatamente reconheci, era a voz doce do meu primeiro amor.

Ele havia vencido a morte e naquele momento eu entendi que nada seria forte o suficiente para me separar do meu amado primeiro amor.

Então, ele estendeu sua graciosa mão e me conduziu junto dele para a nossa eterna e linda história de amor que jamais haveria um fim.

Graziele Gonçalves
Enviado por Graziele Gonçalves em 07/06/2021
Código do texto: T7273712
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