A corrida da produtividade plástica.
Busco em minhas memórias o momento que posso dizer que fui mais produtivo do ponto de vista de criação e movimentação de energias artísticas, sem duvida vejo um progresso descendente com o passar dos anos. Com 17 anos já estava envolvido na produção de festivais, ensaiando em dez grupos diferentes enquanto tirava tempo para ter uma disciplina regular de estudos, no meu caso minha expressividade
estava focada em um ponto só, não existia consciência da integralidade das artes.
Conforme o tempo foi passando a necessidade de depender de grupos para manter a energia criativa e de produção foi se tornando maior, passei a fazer parte de mais projetos de outras pessoas aonde entregava minha energia, enquanto o numero de projetos pessoais foram diminuindo.
Com a pandemia a dinâmica de trabalho foi obrigada a se reinventar, a mente já sem costume de ser a propulsora principal
de ideias caiu no vazio existencial. Isso proporcionou também a possibilidade de vermos a nós mesmo com uma vista
distanciada.
É normal encontrar o medo e a falta de sentido nos momentos de ócio e crise, principalmente porque o corpo
tem que lidar com outra demanda de energia que o mundo contemporâneo nos força a tragar.
Ter o estado que achamos adequado para receber as musas
é complicado não só porque os momentos de paz mental são mais raros, más também porque pensando do ponto de vista da realidade dual, se queremos ser criadores com um nível de produção consistente teremos que nos confrontar com o oposto da produção. Por isso manter a disciplina de se expressar em diferentes territórios nos ajuda a ter
uma flexibilidade de conceitos, abrindo um leque de cores. Tenham paz de espirito nos momentos em que as linhas não correm, porque esse é o contraste necessário para quebrar a separação das artes, conseguindo assim, ver a arte de viver com seus respiros e ações.