Parabéns ao Jonathan, Por Um Mês Longe das Drogas!
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
Hoje à tarde fora um dia de alegria ao Pai Marcos Bastos, à sua equipe, aos internos da "Casa dos Artistas", aos internautas, apoiadores.
Pelos 3 (três) meses concluídos do tratamento do Rangel (longe das drogas) e de 1 (um) do Jonathan (de igual modo).
Isso motivou-me a falar (neste texto) sobre este último interno.
Numa live (ao vivo) especial aos dois, no quarto, na cama do Pai, cada um deles com um bolo nas mãos, recebiam os parabéns e sintetizavam as suas histórias ao mundo...
Lembro-me bem do resgate emocionante do Jonathan naquela praça de Manaus...
À noite o "trem da esperança" seguiu o seu curso natural, na sua missão costumeira pelas ruas, e praças da cidade. -- A comandar a equipe do sopão estava o 'amoroso' e incansável Polar, o "Rei do Açaí", homem de Codajás, os voluntários, os seguranças...
Marcos Bastos (o famoso resgatador das almas cansadas) que não gosta de ser chamado de pastor, ao volante do seu carro preto bonito; com os distintivos do projeto "Pai Resgatando Vidas" nas laterais do veículo.
Incluído à distribuição da sopa, o resgate do Bruno (o lutador de Jiu-jiu) que vivia numa penúria pelo uso constante das drogas. -- Retido por uma irmã no quintal escuro da sua residência.
Até que o Jonathan apareceu do nada e roubou a cena, no instante do fornecimento do alimento aos moradores de rua. -- No carecer duma mão amiga, de um acolhimento de urgência, implorava por tudo, a esse resgate.
O Pai não podia resgatar, pelo compromisso assumido firmado anteriormente e por falta de espaço na casa também.
-- Quis patrocinar o seu ônibus de volta ao bairro e ofereceu-lhe R$ 4,00 reais para ir. O Jonathan não aceitou a ajuda (não era tanto o dinheiro a questão), não teria para aonde ir. Na noite anterior havia pousado na casa duma pessoa (de favor) e não devia mais retornar a esta, incomoda-la novamente.
A sua extrema necessidade era mesmo dum socorro paterno, duma nova família, um recomeço num mundo longe das drogas... Num lar de amor.
-- Uma agente de passagens do transporte público, urbano, o havia orientado a procurar o Pai Marcos, que iria abriga-lo.
O Jonathan então, o procurava com os olhos cirúrgicos na movimentação das pessoas, dos irmãos de rua, dos veículos, das coisas, o pai que nunca teve.
De repente estava diante dele, em carne e osso, o próprio; a fazer o seu trabalho rotineiro de levar o pão, à esperança àqueles desassistidos do lugar... Enquanto homens, mulheres, crianças se alimentavam junto ao seu carro estacionado numa praça.
Logo que o reconhecera, não pôde perder de vista aquela grande e rica oportunidade da sua vida. -- Estava naquele instante, ao alcance do sonho, que pedia a Deus.
Misturado aos rogos, estavam às lágrimas sentidas que desciam dos seus olhos...
Como cera no fogo o coração do Pai derretia...
Ao alcance da sua voz perguntou ao Polar (o seu braço direito) se devia levar o moço.
-- Com o sinal positivo do colaborador-mor do projeto ao acolhimento, imediatamente dissera o Pai: "abram a porta da esperança!" -- Assim fora feito e o receberam com alegria, vivas e palmas.
Ontem (03:06:21) no aniversário de um mês do seu tratamento, Jonathan revelou um pouco do seu passado... Algo até então inédito.
Não conhecera o pai biológico, somente o padrasto. Este, o espancou por dez anos seguidos. -- Diariamente; dos seis (6) anos aos dezesseis (16).
-- Ele lhe batia por quê você era levado? Perguntou o Marcos.
-- Não, ele me batia porquê adorava me bater. Era professor de caratê e gostava de treinar em mim, os seus 'socos'.
Depois de se ausentar por muito anos longe da casa Jonathan retornou para ver a mãe e segundo ele, o padrasto já estava velho; vulnerável (debilitado), sem mais condições de enfrentar ninguém.
-- Não era aí a hora de descontar as pancadas que tu tomava dele? -- Marcos Bastos.
-- Já descontei, eu o perdoei. Essa foi a pior 'porrada' que eu dei nele.
-- Eita, Deus! meu irmão... Isso é que é um homem, Pai! Não têm coisa melhor do quê o perdão. Por isso é que eu já perdoei todos os que me fizeram raiva. -- Pai Marcos.
O Jonathan é muito criativo no que faz (laboral mente), na casa, demonstra habilidades no ramo da eletricidade, da mecânica de eletrodomésticos...
Leva a sério o seu tratamento, nas suas falas sempre têm uma palavra motivacional. O Pai Marcos revela constantemente o seu orgulho por ele.
Havia um ano e tanto sem ver a mãe, recentemente ela fora ao projeto dar um abraço nesse filho querido e se perdoaram.
Não seria bom finalizar este meu texto sem as suas sábias palavras.
"Eu só posso dar valor aqui a cada minuto. O tratamento é coletivo, mas cada um de nós, tem a sua caminhada.
Vou mostrar para vocês que, eu não vou fracassar. -- É a promessa que eu faço..." -- Jonathan
Que Deus abençoe, mais ainda, esse aguerrido-guerreiro!
Parabéns!
*Nemilson Vieira de Morais
Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.
Texto baseado nas lives do Marcos Bastos.
(03:06:21)