Sábado de manhã
Meu estilo parece com uma manhã de sábado. Suave e leve. Sem pressão. As manhãs de sábado são sempre especiais para mim, me lembram caminhar pelas ruas do centro da cidade. De ver as pessoas sorrindo e conversando sobre amenidades. Nem pensar naquele estresse de uma semana puxada de trabalho. Nada de reclamar do salário baixo e das contas altas. Como a bandeira vermelha da energia elétrica. No sábado de manhã é bom um caldo de cana com pastel, lá na praça do Ferreira no Leão do Sul. É bom simplesmente sentar no banco da praça para observar as pessoas passarem sem muita pressa. Algumas sentam e aguardam as lojas abrirem para começar a se endividar. Porque na hora que se faz a compra a alegria é imensa. A energia de poder comprar algo é magnífica. Nos dá, um prazer supra-humano. Claro que um mês depois quando a conta do cartão chegar esse sentimento já terá passado e até lá você terá esquecido a sensação.
Mas a manhã de sábado é relaxante, porque ela antecede o domingo e a alegria de saber que você pode respirar um pouco é algo que nos anima. Numa manhã de sábado a preguiça poderá tomar conta da vida. Você às vezes quer sentir um pouco pulsar dentro de você a vida que foi prometida pelos seus pais quando você nasceu.
Na manhã de sábado é possível esquecer a fome, o desprezo, a desumanidade. A gente se ilude que em dias assim somos todos mais humanos, desligamos nosso modo robô e podemos apenas abraçar as pessoas e ama-las e respeita-las pelo simples fato de serem quem elas são.
Numa manhã de sábado a gente esquece que temos sonhos quase impossíveis. Obstáculos quase intransponíveis. Choros e lágrimas que ninguém nota. Pois, num (manhã) de sábado a gente relaxa, deixa de pensar que podemos ser algo além de alguém que respira. A gente vira humano. Deixa de ser cantor, locutor, ator, médico, escritor, dentista. Porque é uma manhã de sábado a gente não precisa fingir que é feliz.