Passeatas e cartazes não bastam
Novamente chegaremos ao dia 5 de junho. Desde 1972, nesta data se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Certamente veremos passeatas mundo afora. Ouviremos palavras de ordem. Alguns que gritam serão achincalhados por currais ideológicos. Leremos frases nos cartazes focados pelas câmeras de televisão. Algumas serão estampadas na primeira página dos grandes jornais.
Passado o dia, ficará a impressão que se tratou de uma festa e nada mais. Não se terá a percepção de que os grandes problemas ambientais no nosso planeta permanecerão sem soluções. Na verdade, eles estão aumentando numa velocidade assustadora. Depois da festa a realidade é uma pandemia de destruição.
É espantoso. Nas conferências os humanos dificilmente chegam ao consenso. Cada um prefere olhar para o seu próprio umbigo. Quase como se cada umbigo fosse um habitat único. Dificilmente um humano não cai nas garras das lavagens cerebrais produzidas pelas fronteiras do seu país.
Alteramos de forma irrecuperável o clima do nosso planeta. A extinção de milhares de espécies tem a nossa assinatura. Evoluímos com o DNA de predador. Possivelmente o mais perigoso que já existiu. Esse predador não tem poupado esforços. Está antecipando o futuro da sua própria extinção.
Sinais desse futuro estão por toda parte. A poluição provocada pela era industrial também não se deteve diante de fronteiras. Para tentar manter nosso nível de sustentabilidade somos obrigados a uma continua destruição. No comando da sustentabilidade, o agronegócio tomou o lugar da indústria como poluidor planetário.
Com o aquecimento global antes em séculos, agora o desaparecimento do gelo no Ártico é contado em décadas. Nos países escandinavos, grandes geleiras deixaram de existir. Outras estão trilhando o mesmo caminho. Se o descongelamento do permafrost está revelando muito do passado no planeta Terra, está abrindo janelas para nos mostrar um terrível futuro.
Nossos mares foram transformados em imensos depósitos de lixo. Esse é outro caminho para o qual não há mais volta. Em alguns lugares já é possível observar ondas de plásticos. É certeza que os níveis os oceanos estão se elevando. Chegará o dia da maior migração de humanos fugindo das águas.
O paradoxo. Enquanto as águas dos oceanos afugentarão milhões de seus lares, outros milhões não terão sequer uma gota de água para beber. Hoje, conflitos militares entre nações pela água ainda permanece ficção. A realidade chegará. E nunca podemos descartar aparecer algum louco envenenando a água. Já aconteceu na Flórida em fevereiro deste ano. Pelo sistema, um hacker tentou contaminar a água elevando o nível de hidróxido de sódio para 11 mil partes por milhão. O normal é 100 ppm.