IN NATURA: VIAGENS PECULIARES

Estamos tão perto das nossas próprias conclusões. Esse perigo corremos todos os dias quando desprezamos nossa natureza diante das intempéries cotidianas. Estar apto para viver é algo em si um ato de coragem, afinal, poucos estão vivos de fato. Nem sei mesmo a real definição de respirar estando morto por dentro, ainda que ferozmente, estejamos nas lutas internas projetadas pelas mentiras existencialistas. Pedaços remontados, o lírio poderoso a emanar ares bem vindouros da estação seguinte. Descansemo-nos ao despejo inaudível reverberado nas entrelinhas de mares tempestuosos, esses resguardados pelo desejo contínuo interno. É o descompasso os trilhos corretos a concluir qualquer dúvida.

Entretanto, seja pela qual razão for, continuar a sobreviver continua como ato petulante. Existir parece ser obra dantesca desafiadora dos paradigmas construídos no sabor temporal pelas elites. Absorvidos de si e para si, o homem é o retrato perfeito ainda que quebrado, perdido no seu personagem. O indivíduo retrai, esmorece e esquece. Finalmente poderei exterminar intensas vibrações abissais, conjunturas trépidas das camadas da pele. A anatomia perfeita da dor repreende ato singelo meticuloso ao dissabor imperfeito da intolerância à resistência, ou seja, desenvolve castigos ao corpo enquanto a alma ainda intacta sofre silenciosa.

Santos, deuses, religiões, sincretismos e até a descrença, julgo conjunto de reflexão dimensionada. Dimensões a parte, o nosso inferno chega a nos acalentar, o aprendizado indistinto, nossa glória espinhosa, isto é, nossas relações frontais contra quem somos versus quem progredimos em atuações sociais. Solitário é aquele indivíduo cuja a capacidade de amar a si mesmo ao escuro da própria companhia não o preenche, ainda que o vazio o tenha corrompido, esta é a memória retratada pela presença ineficaz do não palpável, significativo reencontro das estrelas cintilantes criadas pelo mundo interior com a contemplativa emoção dessa simbiose.

Sim, somos partes fragmentadas das divisões infestantes, combustíveis indissociáveis de medidas impróprias. Sejamos nossas decepções, conheçamos melhor quem somos, abracemos nossos demônios internos, não como apologia da maldade, mas como recepção afetuosa pela imperfeita harmonia antropológica entre nossas vidas quebradas. Aprendizados nunca serão excessivos. O preço da nostalgia é o reencontro do Eu pretérito com o Eu reflexo. Estejamos preparados, assim são os meus mais sinceros votos.

Hivton Almeida
Enviado por Hivton Almeida em 02/06/2021
Reeditado em 02/06/2021
Código do texto: T7270235
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