Insegurança na Segurança

Recentemente fiquei estarrecido ao deparar com uma reportagem que anunciava o nível de impostos que são repassados para os produtos que estão na prateleira de um supermercado. Ao mesmo tempo em que pensei que essa forca de imposto poderia ser uma alternativa social para o nosso povo esmoreci quando apalpei a nossa realidade, porque ela é muito mais grotesca do que imaginamos.

Não são apenas os percentuais postos nas prateleiras que repercutem em nosso ganho, principalmente para os assalariados, eis que há CPMF, há o impostos de renda, há os juros que temos de fazer frente porque jamais os salários permitem um orçamento adequado para que possamos comprar à vista. Enfim, o trabalhador assalariado e o próprio empresário que mantém relações comerciais com o Estado ou com a União quando têm algum crédito em seu favor não recebe da mesma forma que tem de pagar os impostos. Enfim, o tal de direito discricionário permite à administração pública agir de forma desigual, quando trata de suas operações financeiras junto ao setor privado.

Mas é de segurança que quero falar, especificamente. A pergunta é bem clara: Qual de nós brasileiros é capaz de crer que tanto crédito em favor do Estado e da União nos garantirá segurança? Na verdade, tudo o que temos é muita insegurança!!! Não digo isso com base em dados genéricos ocorridos nos noticiários da mídia em geral; digo porque me sinto inseguro, já que hodiernamente não posso considerar a minha própria casa como guardião de minha privacidade. Minha residência já foi invadida algumas vezes pelo ladrão fugaz; aquele que espera todos dormir para subtrair objetos que lhe servirão para arrecadar as migalhas que darão ensejo a suprir o vício.

Noutro dia peguei-me pensando em instalar uma cerca elétrica em volta da minha residência, porque que os ladrões a respeitassem um pouco mais. Para minha surpresa, bem antes disso ocorrer - eu e minha esposa - tivemos uma grande surpresa, os ladrões simplesmente usaram um “pé de cabra” e forçaram o portão da entrada da frente, em algumas horas da madrugada e, tranqüilamente, invadiram meu espaço de privacidade; fato que nos causou grande trauma, pois acordamos no meio da noite com o barulho e para nossa surpresa o “visitante noturno” já estava em frente à nossa janela. O que fazer num momento como este? Só Deus (além do desespero) foi capaz de contornar a situação. Minha esposa deu um grito que até hoje não sabemos definir o seu conteúdo. Eu, sem saber como agir só gritei: “Pega o revólver!!!”... Mas graças ao Pai que nos guia, os larápios saíram correndo e nos deixaram lidando com nosso pavor.

Depois disso, vem a sensação de insegurança. É muito maior do que imagina aquele que não sofreu o problema. Pensei: adiantaria alguma coisa ir até a Delegacia e lavrar um BO? Concluí que seria uma providência inútil, porque tempos atrás ladrões já haviam entrado na minha garagem e levaram um CD Player, carteira e outros objetos que estavam no veículo. Nessa ocasião eu lavrei a ocorrência. Jamais recebi qualquer informação da autoridade policial sobre o resultado desse procedimento. Imaginem se alguém se importaria com um fato que nem sequer me ofereceu prejuízo material? Depois de muito pensar; cheguei a uma única conclusão: Eu teria de me virar sozinho, sem esperar qualquer tipo de apoio do Estado (Aquele que recebe tantos impostos: lembra!).

Hoje, ao dormir tenho de assumir um ritmo – até um ritual – de colocar todos os cadeados possíveis no portão, além de reforçá-lo com uma grossa corrente que ao menos serve para satisfazer o lado psicológico, pois me ajuda a repousar.

Esse é o meu drama particular. Mas há um consolo: ainda consigo ser feliz! Tenho um emprego, tenho uma família, tenho saúde, enfim, sei que não posso esperar tudo aquilo que está escrito na Carta Magna, por isso me conformo e ao mesmo tempo me conforto, porque vivo num País democrático e posso expressar minha insatisfação com tudo isso...

Machadinho
Enviado por Machadinho em 07/11/2007
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