Democracia é consciência e prática
Para refletir sobre a real situação da Democracia no Brasil temos que deixar a fantasia de lado e refletir que, num país onde:
- os ministros do Supremo Tribunal Federal não sabem o que é e muito menos para que serve uma constituição;
- logicamente a população sabe menos ainda e não conseguem entender que a Constituição é a base de todas as leis e por isso, um simples decreto municipal não pode ter mais legitimidade do que ela;
- parte da população aplaude a orgia instalada na sede dos “guardiões da constituição” porque eles se renderam ao seu corrupto de estimação;
- quando, por iniciativa própria, os “guardiões da constituição, resolvem criar um quarto poder com força para se sobrepor aos três poderes legítimos e a população prefere bajular políticos do que tomar atitude imediata e séria contra aqueles;
Isso é um sinal claro de que esse país está no mínimo trinta e seis anos atrasado em relação a uma Democracia verdadeira.
Esse é o tempo decorrido desde o fim dos governos militares e é o tempo que a população passou em frente a televisão.
A falta de prática da Democracia por vinte e um anos, tempo que os militares governaram, tolerou de imediato por cinco anos o governo ilegítimo, porque não foi eleito pela população, e fantasioso de um político de capacidade e idoneidade já duvidosa na época.
A falta de prática da Democracia permitiu que aceitássemos o prolongamento dos efeitos da ditadura por mais cinco anos na forma desse governo que, além de corrupto, foi um desastre para o país.
Essa falta de prática democrática permitiu também que população elegesse em 1987, quinhentos e cinquenta e nove constituintes, na sua maioria incompetentes e/ou mal intencionados, que demoraram dezenove meses para elaborar uma constituição claramente destinada a favorecer a manipulação da população em favor das forças governantes.
A Assembleia Nacional Constituinte de 1987 poderia ter sido composta por umas duas dezenas de cidadãos conscientes e bem intencionados, com atuação apenas pelo tempo que fosse necessário e não pelas cinco centenas de futuros e vitalícios estelionatários.
A nossa situação atual em relação a Democracia é que podemos exercer a liberdade de ir e vir, podemos votar, falar o que quisermos, satisfazer nossas necessidades de consumo e etc, desde que, de repente, algum ser desprezível qualquer que resolva exercer uma autoridade que ele concedeu a si mesmo, não nos impeça.