A crônica corresponde a gênero textual narrativo peculiar de jornais e revistas que enfoca temáticas cotidianas e, de cunho, particularmente, urbano. A crônica é um retrato verbal peculiar, pois percebe-se bem mais do que fatos inusitados, mas, sobretudo, traduzem as visões da realidade, tanto no plano histórico, psicológico e quiçá político.
O estilo discursivo da crônica é o narrativo contendo trechos reflexivos, ora com o tom argumentativo, ora com tom de protesto. Em verdade, cada cronista tem seu estilo próprio, e  quem mais admiro é Nelson Rodrigues e, que foi considerado por muitos como depravado. 
O Nelson ia do humor até a tragédia com a mesma elegância de flamingos no verão. Outro cronista genial, foi Carlos Drummond de Andrade e, em sua última crônica feita em 1984, sua leve linguagem e o tom coloquial nos conduzia a uma conversa descontraída de onde se pode apreender muito conhecimento, seja sobre a natureza humana, seja sobre o dom de escrever.
Aliás, na última crônica, se despediu em italiano: Ciao, dando um adeus sem melancolia e, revelou que chegou a hora de pendurar as chuteiras (que jamais usou). Ai, saudade...
Existem diversos tipos de crônicas, as narrativas, as jornalísticas e, mesmo, as poéticas que flertam com a literatura e, conta com ilustres escritores como Machado de Assis, Lima Barreto, Fernando Sabino, Clarice Lispector e, claro, o gigante Drummond (o maior poeta do século XX).
A maior característica da crônica jornalística é resultante de uma mistura de fragmentos narrativos, partem, geralmente, de pequenos fatos cotidianos para depois promover uma reflexão sobres os mesmos. Há trechos curtos e longos onde reside a argumentação sobre o fato narrado. Por ser publicada em jornais e revistas procura-se a temática de maior interesse social e, não somente, do próprio cronista.
Aliás, a ironia bate ponto todos os dias nas crônicas jornalísticas, principalmente, nos áureos tempos da ditadura de chumbo.
Já a crônica humorística narra os aspectos bizarros e cômicos tão comezinhos no comportamento humano e, enfoca também discursos engraçados por meio de metáforas e associações inéditas, porém, fiéis à realidade. A crônica humorística exige muita criatividade e, uma peculiar leveza.
Deve-se planejar adequadamente os fatos abordados, mostrar sua múltipla versão e ângulos e, especialmente captar bem a essência de toda dinâmica cotidiana, a nos denunciar seja de forma racional ou  inconsciente.
Muitas vezes, a crônica se apresenta como crítica sobre um assunto atual e, não tem o fito de abordar várias questões, mas sim, de captar a percepção da realidade emoldurada pela ótica do cronista.
Tanto que muitos comparam a crônica à fotografia, pois trabalha com um único instante e, parte deste para construir percepções, reflexões e, principalmente, questionamentos.
A crônica trabalha com elementos reduzidos, num espaço limitado ou até mesmo nenhum. Sua preocupação não é narrar, e sim, fazer refletir e, provoca no leitor o estranhamento e o questionamento. Em minha modesta opinião, a crônica traz levezas as agruras tão constantes na realidade, particularmente, a brasileira que conhece tantos altos e baixos como um tobogã.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/06/2021
Reeditado em 01/06/2021
Código do texto: T7268965
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