Cidadão pela metade
CONHEÇO várias pessoas honradas e bem postas na vida que acham que não descumprindo leis e estando quites com os impostos, enfim, pessoalmente resolvidas, não precisam fazer nenhuma ação na parte social, ou seja, ficam isentas da prática da compaixão, da piedade, da solidariedade para com os que sofrem as dores da desigualdade, das injustiças, da miséria e até da fome.
Discordo dessas pessoas, acho que todo cidadão precisa ter a emoção da solidariedade. Sem isso é meio cidadão. É um sujeito honrado mas um insensível, frio, omisso em relação aos dramas pungentes dos pobres.
Compreendo o raciocínio dessas pessoas. Fizeram sua parte pagando impostos, o governo e as igrejas que façam o resto (e movimentos sociais). Mas esquecem algo fundamental: sem justiça social e sem uma luta global contra as desigualdades nunca haverá segurança para os mais bem postos na vida.Estes descartam a possibilidade de uma rebelião popular. Quem os garantiria se houvesse uma rebelião? Deviam ser mais sensíveis à prática da solidariedade.
Para fechar esta arenga vou citar uma frasedo escritor italiano Malaparte:
"Não pode haver num povo, o sentimento da liberdade, se não há nele o sentimento da piedade". Bingo. Inté.