TEMPO PERDIDO

Há pouco mais de 30 anos, surgiu a quimera, chamada democracia, que, aos à época grandes arautos (depois prestidigitadores), seria a redenção do povo brasileiro. Viria para acabar com a desigualdade, injustiça, roubalheira e todas as mazelas contra um povo, que era prioritariamente heroico e merecia esse brado retumbante. Gradativamente, o sonho foi transformando-se num enorme pesadelo. Os pilares de uma verdadeira democracia são sequencialmente a educação, a saúde e a segurança, nesta ordem. Passada a catarse dos primeiros momentos de ufania, a educação foi colocada no limbo, até chegar hoje, a uma das piores do planeta; a saúde, garantida pela “constituição cidadã”, uma farsa deixada na penúria, e que agora nesta pandemia apenas mostra escancaradamente sua vergonhosa face; a segurança passou a um salve-se quem puder, e a justiça, uma das mais caras do mundo, eivada de vendilhões repletos de privilégios, um tribunal de exceções, parcial, moroso e ineficiente. Boa parte daqueles mensageiros da esperança, ainda hoje estão na berlinda e desavergonhadamente postam-se como salvadores da pátria, esquecendo-se do legado que foram deixando em suas aventuras não republicanas quando no poder. Diga-se de passagem, que a ascensão momentânea ao poder de um ignaro deve-se a sementes plantadas pelos antecessores, os mesmos que lá atrás alardeavam em palanques, promessas que nunca se efetivaram. E o futuro? Ah, o futuro, será ainda mais desgastante e degradante visto que a polarização, provocada pela falta dos pilares sólidos, mais uma vez estará nas mãos de “salvadores da pátria”, como se houvesse algo a salvar. O berço esplêndido, cada vez menos educado, com menos saúde, menos seguro e ainda menos verde, continuará um pária, vítima da escolha de suas essências nada essenciais.