MENTALIDADE E CULTURA
Há algum tempo fui visitar o lugar em que nasci. Revivi os anos verdes e doces que chamam adolescência. As imagens da infância, encantadora e, de certo modo, fechada naquele âmbito, veio constituir uma espécie de sedução que permaneceu pelos intensos anos seguintes.
Esses pormenores influenciaram rigorosa participação na formação de adulto, introduzindo uma gama de virtudes que permaneceram desafiando a formação de minha personalidade.
Portanto, quase duas décadas foram definitivas para a construção de uma mentalidade, cujo imaginário foi responsável por tantas minúcias.
As imagens criadas a partir da memória alimentaram a formação intelectual e, perduraram por anos, concebendo visões e segmentos delineados dos momentos pueris.
Essas imagens jamais deixariam a memória e seguiriam concebendo eventos mentais, como se tivessem lutando para manter vivo um sonho.
Colava em minha mente como um quadro bem definido, como um filme que teimava em projetar-se, as situações vividas e as coisas fantásticas com base na vivência de um passado consideravelmente distante.
Algumas décadas depois, de volta ao local de nascimento, a expectativa de rever a paisagem pitoresca, veio uma forte decepção.
Árvores, rochedos, montanhas, habitações etc, haviam desmoronado.
Deparei-me com um ambiente transformado, modificado por diversas motivos: pelas ações humanas, naturais, desgastes do tempo, descaso, imperícias...
As imagens e impressões do passado que tinham sido efetivas para a formação do meu caráter agora suscitavam uma enxurrada de conturbações. Entretanto, o que estava impregnado na alma era algo tão forte que apenas três décadas depois fui compreender.
A cultura foi o elemento mais consistente que perdurou e mesmo observando as imagens desgastadas daquilo que foi vivido na infância, o tempo não conseguiu desanuviar.
A cultura revelou-se um dos elementos mais consistentes que a mentalidade concebe.