Tio Severino
Tio Severino veio das Alagoas, chegou ainda jovem na região de Adamantina aqui no Estado de São Paulo.
Trabalhador e negociante como ele só, nunca vi igual para fazer rolo e valorizar aquilo que tinha como se não existisse nada igual.
Trabalhando na roça, arrendou terras e comprou-as com o dinheiro de salário e dos negócios que fazia, o homem trocava um cavalo desdentado por um pepita de ouro ou outra coisa qualquer que valia mais.
Tornou-se com o tempo um fazendeiro e pai de inúmeros filhos, quando estava com 70 anos dividiu as terras e bens pelos filhos, só que ele não sabia que viveria tanto, e veio a falecer com 101 anos, agora em 2021.
Ele era viuvo e já tinha enterrado tres esposas, estava com a quarta agora, todas mulheres boas e de família, quando então, dividiu novamente a nova fortuna que amealhou nos últimos 30 anos.
Os causos que ele contava, era mestre em contar histórias e para alguns era defeito, mas era um contador de vantagens, tudo dele era melhor.
Aos 80 anos negociava feijão com quem produzia para ter alguma coisa para fazer, ía até as propriedades e lombava sacos de feijão para sua caminhonete, dessas com carroceria de madeira, era admirável um homem de 80 anos lombar sacos de feijão de 60 quilos como se não fossem nada.
Não podia ver um pé de erva de Santa Maria que dava uma mãozada e colocava na boca e ía comendo pelo caminho, dizia que aquilo era a razão de ter saúde e força.
Um de seus filhos foi limpar um galpão e encontrou um vaso velho do Tio Severino, pegou o vaso, limpou e reformou e ficou muito bonito, colocou nas costas e foi lá vender para o Pai. Tio Severino viu e gostou, perguntou o preço, não sabia que era dele, o filho disse é 50 paus, ele disse dou vinte.
O filho falou, vinte é muito pouco, Tio Severino disse, pode levar de volta, pensando em carregar de volta pelo caminho seu filho disse está bom, me dá 20 e colocou o vaso no chão.
Nesse momento passava um vizinho que disse, que vaso bonito seu Severino, quer vender? Tio Severino disse, quero. Quanto o Sr. quer? 60 disse ele, o vizinho diz, é meu.
Uma vez uma pessoa foi lá na fazenda lhe oferecer um jogo de quarto antigo de madeira de Lei. Tio Severino fez um dos seus rolos com uma novilha que tinha aos montes na fazenda, o sujeito levou a novilha e depois de uns dias voltou lá dizendo que havia feito um mau negócio, daí Tio Severino disse a ele que não dava mais para desmanchar o negócio, pois já havia passado o jogo de quarto para outra pessoa, por cinco novilhas.
Falando com nossos primos, tem muita história para contar de Tio Severino que agora deve estar fazendo uns rolos no Céu.
Foram 101 anos e pensando bem, não é nada diante da eternidade que aguarda a todos nós, filhos de Deus.