O São João na rede com milho
Embora a tecnologia tenha colocado nas prateleiras dos supermercados, aqui e acolá, o milho verde, e deixado suas sobras, nas feiras livres, essa possível permanência do milho nas nossas mesas, até durante o carnaval e a páscoa, não diminuiu, apenas atenuou o caráter sazonal dos milharais. Contudo, reconheça-se a produção, fora de época, da plantação, mas não das nossas costumeiras festas juninas, que ocorrem em junho. A força da cultura explica isso, na preservação dos costumes.
O sinal de que o São João se avizinhava era a cor e o cheiro do milho verde. Desde nossa infância, observava-se a chegada do milho, na cozinha e no nosso mundo de brinquedos. Na cozinha, debulhando-se as espigas; nas mãos das meninas, a palha servindo de roupa e os cabelos das espigas, de peruca às figuras de trapo, bonecas tão facilmente encontradas nas feiras livres. Os meninos usavam os grãos como cabeças de gado, e os sabugos, como estacas de curral. Para dar vida a essa fantasia, as lagartinhas animavam essas brincadeiras, querendo fugir, mesmo longe da porteira, escapando do cerco dos sabugos. Com palitos, ninguém pegava em lagarta, advertido pelo medo que se tinha da lagarta de pelo que, segundo nossas mães, queimaria nossos dedos. Nada de plástico, nada imitando coisas e personagens de violência... Que mundo bom !
O milho chegava, do campo, em carroças e caminhões; e às nossas casas, em sacos, quando o pai anunciava: “Comprei uma mão de milho”. Ela era ensacada em sacos de estopa, carregada, nas costas, pelo feirante. Geralmente, na feira, ao lado das tuias de milho, havia fogareiro, um cozinhando, outro assando, para desjejum ou almoço, belas e grandes espigas. A feira, no interior, é um fenômeno cultural muito rico, como a “de mangaio”, na música do itabaianense Sivuca.
Se não houver milho, como haveria São João? Se há milho, muito ou pouco, então enfeitemo-nos para a festa de São João. Com muita precaução contra o contágio da Covid, apressadamente, podemos escolher as espigas, ou, por internet, pela qual, nos dias de hoje, tudo se compra, até as iguarias juninas: milho cozinhado, assado, canjica, pamonha, bolo de milho e até cuscuz, sem ser árabe, bem nordestino, ao gosto paraibano.
São João vem aí na rede. Deitado? Não, em pé, dançando, cantando e tocando forró adequado e autêntico ao festejo. O Governador João Azevêdo, tendo experimentado o sucesso do “São João na rede”, realizado em 2020, duplicou o apoio para que, também, ocorra, em 2021, virtualmente, a todos os paraibanos e para o restante do nordeste, um maior São João na rede, sob a coordenação da Associação Balaio Nordeste, representada pela forrozeira, ativista cultural, Joana Alves. Então, estenda essa rede até à sua casa, onde, com certeza, haverá milho. Tradição cultural é coisa muito forte, é fogueira que cozinha canjica, cozinha e assa muitas espigas. Todas as modas, rapidamente, desaparecerão; menos as tradições legitimamente culturais, enquanto sobreviver e se propagar a cultura. É assim também que nunca deixará de existir cultura; a cidade não é, nesse sentido, menor do que a nação, seja ela a mais interiorana; e só existirá nação, se houver cultura...
Embora a tecnologia tenha colocado nas prateleiras dos supermercados, aqui e acolá, o milho verde, e deixado suas sobras, nas feiras livres, essa possível permanência do milho nas nossas mesas, até durante o carnaval e a páscoa, não diminuiu, apenas atenuou o caráter sazonal dos milharais. Contudo, reconheça-se a produção, fora de época, da plantação, mas não das nossas costumeiras festas juninas, que ocorrem em junho. A força da cultura explica isso, na preservação dos costumes.
O sinal de que o São João se avizinhava era a cor e o cheiro do milho verde. Desde nossa infância, observava-se a chegada do milho, na cozinha e no nosso mundo de brinquedos. Na cozinha, debulhando-se as espigas; nas mãos das meninas, a palha servindo de roupa e os cabelos das espigas, de peruca às figuras de trapo, bonecas tão facilmente encontradas nas feiras livres. Os meninos usavam os grãos como cabeças de gado, e os sabugos, como estacas de curral. Para dar vida a essa fantasia, as lagartinhas animavam essas brincadeiras, querendo fugir, mesmo longe da porteira, escapando do cerco dos sabugos. Com palitos, ninguém pegava em lagarta, advertido pelo medo que se tinha da lagarta de pelo que, segundo nossas mães, queimaria nossos dedos. Nada de plástico, nada imitando coisas e personagens de violência... Que mundo bom !
O milho chegava, do campo, em carroças e caminhões; e às nossas casas, em sacos, quando o pai anunciava: “Comprei uma mão de milho”. Ela era ensacada em sacos de estopa, carregada, nas costas, pelo feirante. Geralmente, na feira, ao lado das tuias de milho, havia fogareiro, um cozinhando, outro assando, para desjejum ou almoço, belas e grandes espigas. A feira, no interior, é um fenômeno cultural muito rico, como a “de mangaio”, na música do itabaianense Sivuca.
Se não houver milho, como haveria São João? Se há milho, muito ou pouco, então enfeitemo-nos para a festa de São João. Com muita precaução contra o contágio da Covid, apressadamente, podemos escolher as espigas, ou, por internet, pela qual, nos dias de hoje, tudo se compra, até as iguarias juninas: milho cozinhado, assado, canjica, pamonha, bolo de milho e até cuscuz, sem ser árabe, bem nordestino, ao gosto paraibano.
São João vem aí na rede. Deitado? Não, em pé, dançando, cantando e tocando forró adequado e autêntico ao festejo. O Governador João Azevêdo, tendo experimentado o sucesso do “São João na rede”, realizado em 2020, duplicou o apoio para que, também, ocorra, em 2021, virtualmente, a todos os paraibanos e para o restante do nordeste, um maior São João na rede, sob a coordenação da Associação Balaio Nordeste, representada pela forrozeira, ativista cultural, Joana Alves. Então, estenda essa rede até à sua casa, onde, com certeza, haverá milho. Tradição cultural é coisa muito forte, é fogueira que cozinha canjica, cozinha e assa muitas espigas. Todas as modas, rapidamente, desaparecerão; menos as tradições legitimamente culturais, enquanto sobreviver e se propagar a cultura. É assim também que nunca deixará de existir cultura; a cidade não é, nesse sentido, menor do que a nação, seja ela a mais interiorana; e só existirá nação, se houver cultura...