Seis mais quatro
Hoje não pude deixar de pensar em nós. O facebook me lembrou de coisas que eu talvez não queira esquecer, mas que não queria recordar agora.
Seis meses é bastante tempo. O que você estaria fazendo nesse exato momento enquanto escrevo? Será que aquela manhã de sábado voltou a sua memória como volta agora a minha?
A cabeceira da cama encostada na parede de tecido azul com detalhes, nos pés um guarda-roupas vinho e a mesa embaixo da janela que dava pra cozinha, decorada com uma cortina de renda.
Foi ali que começamos a namorar, sentados no mesmo lugar em que fizemos amor pela primeira vez.
Eu consigo me lembrar do cheiro, da sensação de entrar no espaço iluminado pelos piscas a noite. Lembro do barulho do vento e do telhado da quadra que estava solto e batia com força quando ventava forte.
Eu não quero esquecer, mas também não quero lembrar. A vida tem parecido ser um amontoado de lembranças, boas e ruins, tristes e felizes.
Naquele quarto passamos pelo nosso pior momento. Ali eu vivi um dos dias mais românticos da minha vida. Fomos dormir com o sol nascendo. Acordamos com o sol se pondo. Rimos de coisas banais. Nos esquentamos do frio de andar de moto a noite.
Naquela cama eu dormir assustado, quando sofri acidente voltando pra casa. Brigamos com o proprietário no dia seguinte a sua mudança.
Isso tudo já fazem quase quatro anos! Seis, quatro, eu nunca gostei muito de números, por isso prefiro as palavras. Não há poesia quando se trata de contar, números são frios e impiedosos. Eles não têm memória. Eles não sofrem por amor.
Seis meses é bastante tempo!