A burla do remédio

Numa determinada comunidade, milhares de crianças pobres viviam sem situação de higiene e saneamento básico apesar de serem assistidas pela Associação dos Moradores, Escolas, Segurança Pública e até uma unidade do Conselho Tutelar que foi instalada no acesso a sua entrada principal. Contudo, um surto de piolhos invadia as cabeças dos pequeninos seres do gueto a deixá-los em pânico, pois seus couros cabeludos coçavam intensamente a causar feridas e aparecimento de infecções devido a infestação dos parasitas. Não tratar desta pediculose poderia acarretar mau desempenho escolar, noites mal dormidas e, nos casos mais graves, anemia.

Era preciso que o líder da comunidade se manifestasse a criar uma estratégia de combate aos insetos visíveis. Seria simples recorrer a ciência que tinha como recomendação o uso do vermífugo para eliminar o inimigo da população infantil que precisava retornar as aulas que foram paralisadas devido ao risco de contaminação do rebanho. Todavia, a ordem seria utilizar da retórica crendice popular que orientava os responsáveis a usarem um inseticida não aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ou seja" sem eficácia, porém bem mais barato, no tratamento dos inocentes: o chumbinho em pó que matava pulgas, formigas e baratas.

Não foi necessário licitar o produto, pois pela emergência da situação chegaram à despensa milhares de latinhas redondas amarelas recheadas de falsas esperanças que dedetizaram os cocurutos raspados das pobres vítimas da peste. O efeito colateral desse "remédio" é uma doença que mutila os sonhos de quem acredita na vida saudável para seus filhos e nas promessas.

"Qualquer semelhança não é mera coincidência"

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 26/05/2021
Reeditado em 28/05/2021
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