O mais triste Dia do Gari
No dia 16 de maio se comemora no Brasil o Dia do Gari. O termo surgiu em homenagem ao francês Pedro Aleixo Gary, que ficou conhecido por ser o fundador da primeira empresa de coleta de lixo nas ruas do Rio de Janeiro, em 1876. No entanto, a profissão só foi instituída em 16 de maio de 1962, data que ficou conhecida como o Dia do Gari.
Uma categoria de homens e mulheres que, por vezes, devido a nossa rotina diária, nos passam despercebidos e sem o reconhecimento e valorização devidos.
Da imensidão de resíduos que produzimos e que deixamos em frente de nossas residências até a sujeira de nossas ruas e praças, tudo isso é “magicamente” retirado do espaço urbano por esses incansáveis trabalhadores.
Neste ano, a referida data recaiu num domingo e parcela da sociedade se mobilizou para prestar homenagens a essa categoria na data de hoje, dia 17/05 e assim demonstrar o quão importantes são para a cidade de Vacaria, no interior do Rio Grande do Sul.
Ocorre que nas primeiras horas da manhã, na sede da associação de recicladores, os profissionais foram surpreendidos por algo que jamais poderiam imaginar.
O grupo que fazia a separação adequada dos materiais se deparou com uma caixa de papelão extremamente vedada. Ao romperem a fita isolante localizaram no interior do recipiente o corpo de um bebê jazido.
Era uma menina. A pequena foi posta ali, possivelmente, logo após sua mãe ter lhe dado à luz alguns dias atrás. Estava toda encolhida no fundo da caixa.
A supervisora do local chamou as autoridades.
Não havia mais nada a ser feito para que aquele pequeno ser. Sua vidinha já estava apagada.
O sentimento de cada um dos presentes ali era de desolação. Temos certeza que se pudessem retroceder o tempo e irem até onde essa caixa havia sido inicialmente largada o fariam. Romperiam aquela maldita fita e acolheriam a pequena. Com seu uniforme verde, denotando a nossa esperança, o nosso gari a envolveria e a levaria para longe dali. Longe do perigo que a indefesa criança corria.
É certo que esse não foi o Dia do Gari que eles mereciam. Tampouco sentir-se impotentes frente a uma situação tão injusta.
Nada do que pode ser dito ou escrito consolará ou fará esquecer aquele triste momento, mas eu tenho certeza que a pequenina, lá no fundo de sua alma, recebeu o carinho dispensado por aqueles que a encontraram. Os anjos do céu que estão agora com ela apenas continuaram o trabalho dos amigos que não puderam lhe salvar.
Infelizmente esses heróis anônimos que diuturnamente limpam a nossa sujeira não possuem a capacidade, não porque não querem, mas porque não podem, *extrair a maldade e reciclar a crueldade existente dentro de alguns seres humanos.*