ANTES QUE SEJA TARDE
Hoje não quero falar da pandemia.
Quero falar do pavor que sinto da barbárie que grassa por aí. Será que isso nunca vai ter fim?
E a gente vai combatendo com as armas que tem. Vamos xingando, falando e mostrando na internet as imagens grotescas dos crimes. E juntamos a descrição detalhada dos requintes de crueldade cometidos contra as vítimas. Pensamos que assim estamos ajudando a dar um basta nessas desgraças. Mas, não! o que acontece é outra coisa.
Passado o impacto inicial, - que a grande mídia sempre traz à tona -, começa o efeito contrário e indesejável: de tando ver esse tipo de coisa, nosso coração vai endurecendo e ... acostumamos. Sim, acostumamos. E todas essas atrocidades que hoje abalam nossas estruturas, amanhã não passarão de banalidades, incluídas no rol dos acontecimentos da vida. Infelizmente, na melhor das intenções, estamos fazendo tudo errado.
Bom seria se conseguíssemos equilibrar as coisas e evitar a banalização da barbárie. Que tal direcionar nossas energias para mostrar o bem e as atitudes nobres das pessoas? os aspectos que fazem a vida valer a pena? Afinal, quem não sabe que o amanhã depende do hoje?
Acredito que ao lado da indignação, é possível também (re)lembrar nossos motivos de viver. Sinto que precisamos dessa luz para enxergar as belezas do mundo e assim fortalecer nosso espírito. E nesse quesito, a beleza é sempre a essência da qual não podemos prescindir. Vamos enfeitar nossos corações e promover a vida, antes que seja tarde. Vamos prestar atenção e espalhar coisas boas e bonitas. Quem sabe assim a gente estimula uma nova percepção de mundo e obtém melhoria nas condutas? É pagar para ver.
Só sei que não suporto mais esse ibope para desgraças, esse desgaste espiritual, esse miasma sufocando o mundo. Vou atrás de alguém - brilhante - que faça um upgrade nesse meu texto e me ajude a clarear a vereda. E fui. Adivinha quem encontrei? Um grande amigo, filósofo, reconhecidamente sábio. Seu nome? Confúncio. Perguntei-lhe porque, ao comprar arroz, ele comprava flores também? e ele me respondeu calmamente: “compro arroz para viver e flores para ter motivos para viver”. Você viu a luz da sabedoria brilhar? a concretude do exemplo que ele nos deu? Aí está: a beleza fortalecendo o espírito. E o espírito fortalecido, fazendo a vida desabrochar!