General Eduardo Pazuello aglomerando com Bolsonaro é escárnio

É fato que a CPI da Covid tem causado danos à já (bastante) degradada imagem do (des)governo. E vai causar ainda mais, a longo prazo, isto é, eleitoralmente falando. A conclusão do relatório será até óbvia diante de tantas provas fartamente documentadas: o presidente é o principal responsável pela catástrofe pandêmica que assola o país. As bravatas bolsonaristas, então, emergem em medida proporcional às pancadas que o chefe do Executivo recebe.

O histórico de 28 anos como deputado federal nos indica um padrão de comportamento de Jair Bolsonaro. Ele gosta do confronto. Quando está encurralado, fica mais bravateiro que o normal, para mostrar à sua claque o quanto é "machão" sem medo de nada. Para mostrar que não é "marica" As irresponsáveis aglomerações promovidas neste domingo (23/05) nada mais são que uma tentativa de criar percepção de que "peita" a CPI ou de que está "indiferente" a ela.

A presença do general da ativa Eduardo Pazuello, pau mandado assumido, era, portanto, essencial. Ele tinha que ser a "estrela" do espetáculo dos horrores. Depôs por dois dias seguidos na CPI. Ou melhor, mentiu dois dias seguidos por fidelidade canina ao chefe. É um herói para os bolsominions. E a presença dele ali foi mais uma afronta aos senadores responsáveis pela comissão.

Pazuello aglomerando com Bolsonaro é escárnio. Uma provocação que só aconteceu porque o presidente acha que tem o "povo" ao lado dele. Propor o ajuntamento de manifestantes e passeio de moto tem o claro objetivo de tentar intimidar os adversários nesse "confronto". É criar a falsa percepção de ser um "homem do povo" contra o "sistema". Populismo de direita na prática, mas que é inócuo para conter os danos ao (des)governo. Pelo contrário, pode trazer reações ainda mais desgastantes.