O passeio de moto no Rio
449.185 óbitos.
Esse é o número atualizado de vítimas do coronavírus no país.
Se você é como eu, fica chocado e triste por tantas vidas perdidas para um vírus que não faz distinção de raça, cor, classe, mas que sem dúvida é mais letal para quem é mais desfavorecido.
O que me deixa mais estarrecida e revoltada é que poderíamos estar acentuando a curva de contaminação e mortes se tivéssemos um governo comprometido com o vida humana. Como disse Mônica Martelli, ao se referir ao seu amigo Paulo Gustavo, “só duas doses de uma vacina que já existe.” Algo que o governo ignora completamente como deixou bem claro o ex-Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao dizer que não comprou vacinas por achar caras demais – quanto vale a vida humana, Ministro?
Citando o queridíssimo Gil do Vigor, eu estou indignada nesse domingo com fato do presidente Bolsonaro ter tido a brilhante ideia de fazer um passeio de moto, com seus apoiadores (todo sem máscaras) pelas ruas do Rio de Janeiro, escoltado por vários policiais. Pelo menos dessa vez ele deve a decência de se lembrar que estamos em meio a campanha do Maio Amarelo e usou capacete.
Em caráter eleitoreiro, Bolsonaro fez um discurso para seus apoiadores e teve a participação de alguns políticos, entre eles o próprio ex-Ministro Pazuello, que segue bem a cartilha de “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
Eu me pergunto o que Bolsonaro e sua trupe comemoraram hoje no Rio de Janeiro com as ruas fechadas e passeio de moto? As quase 450 mil mortes? A fome que se alastra em meio a pandemia? O desemprego que não para de crescer? A alta no preço de alimentos e gasolina? A falta de vacinas?
Talvez a terceira onda?
Vai saber.
Contudo, o que me deixa mais estarrecida é ver pessoas apoiando esse indivíduo, chamando-o de grande líder populista, de mito, de carismático, povão. Olha, sinceramente, não sei o que pensar diante disso.
Sem palavras diante desse ato esdrúxulo.
Apenas exausta de ser uma cidadã brasileira informada nesses dias.