SOMOS FRACOS. NOSSAS FANTASIAS.
Quando nada mais que o destino reserva puder importar, você não mais sofrerá. Mas já terá morrido? Sim, pois a vida é amar e trabalhar, e acima de tudo ser útil. É preciso resignação para enfrentar o inevitável. Não se altera o que está disposto pela natureza, boa ou má, irá acontecer.
“A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.” Dalai Lama.
O morrer dentro de nós estando vivo é o lamento permanente do que não fizemos e não somos, não situamos por pior e sem critério que possa parecer. Somos pura fragilidade, e estamos sujeitos a morrer...Isso já indica a morte presente. A morte do espírito que ainda não partiu embora sejamos ainda matéria.
Nada altera um momento, mesmo nunca visto como o que agora se manifesta, em razão da pandemia, temos que vivê-lo. E fortalecer nossa alma.
Hipótese, costumo dizer, é bom que se reforce, pois é ficção, é aquilo que não é que seria se fosse, esmaga portanto a lógica e mergulha na irrealidade. Nossa vida não pode ser irrealidade, o que vivemos não pode ser desfigurado por vontades e imagens irreais. Nos momentos severos, como um nunca igualado pela história humana, que se saiba, como o que agora vivemos, nossas realidades, o que somos, aflora com força gigantesca e não podemos passar ao largo da realidade. Não mais espectrais fantasias, é isso, somos isso, uma vítima patente de nossas irrealidades, um sopro quando queríamos ser um furacão, forte e demolidor.
O concreto vivido na simplicidade que festeja o momento, morre na vontade do que seria, condicional, distante do que está sendo, morto da vontade que realiza e multiplica cores, tirando o cinzento do lamento que mata.
Não é cavalgando o "ter sido" que se chegará ao ser compatível de realização, embora seja possível sonhar nas fronteiras que nos são ofertadas.
As portas da vida estão abertas para a felicidade do momento que ao invés de lamentar agradece estar vivo e viver sua realidade.
A felicidade não acontece, depende da aceitação de nossas realidades.
Não perdemos tudo. Estamos vivos. Vivemos situação singular e sem paralelo, mesmo se balizarmos analogias. Nenhuma epidemia se tornou pandemia globalizada com esse vulto. E com ou sem definições causais espirituais ou materiais que alguns querem dar, é um momento para pararmos e dizermos: INACREDITÁVEL!
Quem já viu e quando na história da humanidade qualquer normativo, revolução, movimento cidadão, cívico, ideológico, bélico, códigos e sociedades poderosas terem ESSA FORÇA DE MUDANÇA E HÁBITOS SOCIAIS. E de forma global; se isolem socialmente, obedeçam.
PERGUNTAMOS:
Quanto já perdemos na vida no redemoinho das aspirações, vontades e desejos? Quanto já renunciamos?
Quantos se colocam no centro de universalidades por muitos passadas em sofrimento e o fizeram de uma forma pessoal como se o sofrimento fosse só por si sentido?
Quantos se envolvem na fogueira da ausência de amor como se fosse um unicismo religioso quando se está diante do que é universal e de realidades comuns?
Quantos de forma isocrônica castigam o espírito e o corpo distanciando-se de suas próprias verdades que surgem de locais antes desconhecidos, dormitando nas casas não habitadas pela razão mais pura que ilumina a aceitação do corriqueiro e comum, afastando sombras?
"Já é hora de despertardes do sono." O “Tolle Lege” agostiniano se impõe. Sem o que a passagem terrena em corpo e em espírito fica devedora dessa interiorização.
Mas sempre é tempo como adverte o Santo:
A dor, física ou espiritual, é a prova viva de que o homem perdeu algo, mas não perdeu tudo. Santo Agostinho
Não se pode ter desalento se não perdemos tudo, nem perder o entusiasmo pela vida se está vivo, mas cabe uma revisão da alma para que o espirito seja invadido de leveza.