Por Onde Andamos
Registramos momentos sem imaginar que estamos num local que marcou um tempo, uma era. Quantas vezes, ao andar pelo Centro de São Paulo, me imaginei andando pelas mesmas ruas que Zélia Gattai (autora de 'Anarquistas Graças A Deus') que morava no Largo do Arouche quando cortejada pelo seu amado Jorge.
Fazer o 'footing' (passeio a pé) depois do almoço pelas mesmas ruas do Centro de São Paulo onde Domitila de Castro, a amante de Dom Pedro I, tinha residência, O Solar da Marquesa de Santos, perto da Praça da Sé. Pena não ter existido celular com camera quando eu era moça e tinha todo tempo do mundo para bater perna pelo Centro de São Paulo e me encantar com a arquitetura, as vitrines e o povo. Com certeza, teria registrado muitos locais onde passaram tantas pessoas e tantos personagens que fizeram História.
Um dia parei para comprar um livro daquele homem que vivia perambulando pelas redondezas do Mappin e Teatro Municipal. Escolhi, 'Navalha Na Carne' e ele perguntou acanhadamete se eu queria autógrafo. Respondi, "Pode ser." Grande Plínio Marcos! Esbarrar com a elegante Lygia Fagundes Telles indo para o Sindicato dos Escritores na 24 de Maio, não tem preço.
Edson Cordeiro cantava no vão do edifício do Banco Itaú enquanto a dupla de 'emboladas', Castanha e Caju, cantava bem de frente do Mappin do outro lado do Teatro Municipal, o palco predileto dos artistas de rua onde milhares de pedestres passavam todos os dias e paravam por alguns minutos para assistir às inúmeras atrações por uns trocadinhos. Quantas pessoas perdiam a noção do tempo, até mesmo esqueciam suas tritezas com aqueles shows.
Aguardar dentro da magnífica Biblioteca Mário de Andrade para mais uma sessão de cinema popular ou um show da Patrícia Marx cantando MPB.
Não longe dali a Praça da Bandeira onde eu pegava o ônibus para o Brooklyn todo sábado de manhã cedo para dar aula de inglês para os quatro filhos da Maria Luiza e Dr. Olympio. Quando chegava adiantada, olhava para aquele edifício de cor amarela estranha e lembrava as imagens que vi na revista Manchete datada fevereiro de 1974. O Edifício Joelma em chamas e gente saltando para à morte. Fechava os meus olhos que começavam a lacrimejar e lembrava que o quarteto Andréia, Sérgio, Eliza e Juliana me aguardavam para nossa aula e aos pouquinhos voltava a sorrir.
O edifício do Sesi na Paulista onde assisti o grande compositor e cantor Zé Keti cantar 'Máscara Negra', o Zimbo Trio me ninar no domingo de manhã ao suingue do jazz, e o inesquecível convite do Tom Zé para fazer uma pequena participação no show. Motivo da recusa: a maldita timidez dos meus vinte e poucos anos.
Ahhh, se fosse hoje! Quantos shows do eterno Papito (Supla) também no Sesi cantando 'Garota de Berlim' vestido de Coringa.
Ver o Edson Celulari caracterizado de Jean Pierre ('Que Rei Sou Eu?' - 1989) no meio da multidão na Praça da Caixa Econômica da Paulista com seu cabelão amarrado num rabo de cavalo e usando tiara indo em direção ao Masp para almoçar.
A primeira grande atração no telão ao ar livre no Parque do Ibirapuera (1979 ou 1980), o lançamento do long play e filme da banda inglesa Pink Floyd, "Another Brick In The Wall". Anos depois, no mesmo local, show da Marisa Monte em pleno domingão da Fuvest com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown a tiracolo. Nem imaginavam que logo seriam "Os Tribalistas".
Caracas! Onde estava a minha câmera fotográfica nessas horas!?
Registramos momentos sem imaginar que estamos num local que marcou um tempo, uma era. Quantas vezes, ao andar pelo Centro de São Paulo, me imaginei andando pelas mesmas ruas que Zélia Gattai (autora de 'Anarquistas Graças A Deus') que morava no Largo do Arouche quando cortejada pelo seu amado Jorge.
Fazer o 'footing' (passeio a pé) depois do almoço pelas mesmas ruas do Centro de São Paulo onde Domitila de Castro, a amante de Dom Pedro I, tinha residência, O Solar da Marquesa de Santos, perto da Praça da Sé. Pena não ter existido celular com camera quando eu era moça e tinha todo tempo do mundo para bater perna pelo Centro de São Paulo e me encantar com a arquitetura, as vitrines e o povo. Com certeza, teria registrado muitos locais onde passaram tantas pessoas e tantos personagens que fizeram História.
Um dia parei para comprar um livro daquele homem que vivia perambulando pelas redondezas do Mappin e Teatro Municipal. Escolhi, 'Navalha Na Carne' e ele perguntou acanhadamete se eu queria autógrafo. Respondi, "Pode ser." Grande Plínio Marcos! Esbarrar com a elegante Lygia Fagundes Telles indo para o Sindicato dos Escritores na 24 de Maio, não tem preço.
Edson Cordeiro cantava no vão do edifício do Banco Itaú enquanto a dupla de 'emboladas', Castanha e Caju, cantava bem de frente do Mappin do outro lado do Teatro Municipal, o palco predileto dos artistas de rua onde milhares de pedestres passavam todos os dias e paravam por alguns minutos para assistir às inúmeras atrações por uns trocadinhos. Quantas pessoas perdiam a noção do tempo, até mesmo esqueciam suas tritezas com aqueles shows.
Aguardar dentro da magnífica Biblioteca Mário de Andrade para mais uma sessão de cinema popular ou um show da Patrícia Marx cantando MPB.
Não longe dali a Praça da Bandeira onde eu pegava o ônibus para o Brooklyn todo sábado de manhã cedo para dar aula de inglês para os quatro filhos da Maria Luiza e Dr. Olympio. Quando chegava adiantada, olhava para aquele edifício de cor amarela estranha e lembrava as imagens que vi na revista Manchete datada fevereiro de 1974. O Edifício Joelma em chamas e gente saltando para à morte. Fechava os meus olhos que começavam a lacrimejar e lembrava que o quarteto Andréia, Sérgio, Eliza e Juliana me aguardavam para nossa aula e aos pouquinhos voltava a sorrir.
O edifício do Sesi na Paulista onde assisti o grande compositor e cantor Zé Keti cantar 'Máscara Negra', o Zimbo Trio me ninar no domingo de manhã ao suingue do jazz, e o inesquecível convite do Tom Zé para fazer uma pequena participação no show. Motivo da recusa: a maldita timidez dos meus vinte e poucos anos.
Ahhh, se fosse hoje! Quantos shows do eterno Papito (Supla) também no Sesi cantando 'Garota de Berlim' vestido de Coringa.
Ver o Edson Celulari caracterizado de Jean Pierre ('Que Rei Sou Eu?' - 1989) no meio da multidão na Praça da Caixa Econômica da Paulista com seu cabelão amarrado num rabo de cavalo e usando tiara indo em direção ao Masp para almoçar.
A primeira grande atração no telão ao ar livre no Parque do Ibirapuera (1979 ou 1980), o lançamento do long play e filme da banda inglesa Pink Floyd, "Another Brick In The Wall". Anos depois, no mesmo local, show da Marisa Monte em pleno domingão da Fuvest com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown a tiracolo. Nem imaginavam que logo seriam "Os Tribalistas".
Caracas! Onde estava a minha câmera fotográfica nessas horas!?