VELHA MÁQUINA DE COSTURA
A velha máquina ainda está lá, perto da janela do quartinho do térreo, onde sempre esteve, no sobrado que outrora pertenceu a nossos pais e onde hoje moram o mano Álvaro e família. Ainda guarda em suas gavetas alguns carretéis de linhas Corrente, pedaços de elásticos e sobras de tecidos deixados por mamãe após suas últimas costuras.
É uma robusta Singer, importada, marca que foi objeto de desejo de muitas donas de casa da geração de mamãe, que nela aprendeu a costurar e a bordar. Com ela fez muitas de nossas roupas na primeira infância, remendou, cerziu, fez bainhas e panos de pratos. Nítida permanece em minha memória sua figura pequena e frágil a costurar, pedalando naquela antiga máquina, cujo gabinete em madeira maciça e detalhes em ferro ainda exibem sua boa qualidade. A correia de couro está rompida e há muito que não tem serventia.
Nessa máquina também eu aprendi o pouco que sei de costura e os ensinamentos valiosos de mamãe muitas vezes me foram de grande ajuda.
A máquina de costura é um objeto grande e vistoso mas o que dizer do dedal, esse pequeno artifício que nos poupa de termos o dedo indicador espetado pela agulha quando bordamos ou costuramos à mão? Pouca gente conhece esse objeto hoje. Caiu em desuso. O de minha mãe está comigo, há longo tempo guardado com carinho.
Mudaram os tempos. Hoje compramos roupas prontas e acabadas. Se há algum ajuste a ser feito, as costureiras de bairro disso se ocupam, seja para ajustar uma barra de vestido ou calça, consertar um zíper, encurtar as mangas, tudo é rapidamente resolvido a preços módicos.
Máquinas de costura sem uso foram para os museus ou para o ferro velho, entretanto, o som dos pedais de nossa Singer ainda ecoa em meus ouvidos, como uma música antiga, que há longo tempo não é ouvida, porém nunca esquecida.