Variações Estilísticas sobre Os Mistérios que envolvem a Biblioteca do Sinistro Senhor Bandra
Estiloso (Entre o Místico e o Filosófico)
A matéria de que os sonhos são compostos consiste, se nos cabe uma observação um tanto contrária àquela corrente, científica, calcada em fenômenos observáveis (como aqueles conduzidos em laboratório e, por conseguinte, sob o total controle dos responsáveis por esses testes), de um misto de poesia (levando em conta, desde sempre, que a poesia nem sempre se ocupa tão somente do belo, do agradável, qual propunham os gregos com o adjetivo kalós – escrever em grego mesmo), experiências diárias (contato com outras pessoas, observação – participante ou meramente contemplativa, que assim conste, para os devidos fins –, leituras, viagens etc.) e, por fim, após um involuntário momento de esquecimento de nossa parte (e que nos perdoem por isso, pois), de alguns outros elementos que, quando somados, constituem a onírica matéria a que nos referíamos ao intróito do presente ato de registro textual.
Mediante a presente introdução, cumpre que nos ocupemos, por ora e conseguinte, de tecermos alguns comentários acerca da figura de um cavalheiro advindo do estrangeiro. Era conhecido pelo seu sobrenome, atípico; porém, com alguma ocorrência na Terra de Krishna e outras divindades. De origem Franco-Argelina, tudo o que se sabe dele, até hoje, é seu sobrenome: Bandra (pronuncia-se "Bandrá", respeitando-se sua origem étnica). Um número bem restrito de pessoas jurava ter ouvido falar dele; uma significativa minoria afirmava tê-lo conhecido e apenas um cavalheiro com quem tive a oportunidade de conversar, de modo pessoal, declarou ter prestado alguns serviços para ele. É dever meu manter a identidade do distinto profissional em absoluto sigilo, pois preciso evitar eventuais problemas para mim (muito mais do que para ele)...
O Senhor X – como doravante deverei me referir ao último cavalheiro citado –, ao que consta, tinha uma relação bastante estrita com a Engenharia Civil (até suspeito que, em virtude desse fato, fosse ele o responsável pela construção de imóvel que supostamente pertencera a um dos negócios do Senhor Bandra; todavia, apenas suspeito, não cabendo a mim dizer mais nada sobre isso).
Bandra, homem de grandes posses e de enorme influências nas terras orientais (parte da Ásia), segundo uma fonte a que tenho grande respeito e admiração, era um apaixonado pela Ciência. E, com o propósito de não mais me deter com detalhes, procurarei ir direto ao ponto. O douto Senhor possuía uma biblioteca única e especialíssima em todo o mundo. Era constituída de seres humanos que viviam confinados em um bunker, de aproximadamente 300 m² e já haviam lido um sem número de livros, periódicos etc. e procuravam manter relatórios sobre alguns temas (como Economia, Medicina e Geopolítica, dentre alguns outros), informando, semanalmente o Senhor Bandra, de modo que ele pudesse expandir seu império pelo mundo.
SINTÉTICO
O Senhor Bandra mantém uma biblioteca humana sob seu total controle.
CÉTICO
Eu não acredito em nada do que tenham me falado sobre esse tal de "Senhor Bandra". Isso é conversa de bêbado. De gente à toa. Vão estudar, vão!