AGORA VAI! (Escolas cívico-militares)
Se como dizem, “a palavra convence, mas é o exemplo que arrasta”, para os entusiastas da educação militarizada, estamos mais do que bem servidos; e isso a partir do topo hierárquico da Nação.
Claudio Chaves
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A PRIMEIRA medida efetiva do Estado brasileiro para “melhorar” nossa Educação dista de nós já 262 anos e – você pode até achar que é coisa de comunista, mas – aquela intervenção do Sr. Sebastião José de Carvalho e Melo (o ilustre Marquês de Pombal) já tinha como uma das principais motivações frear a doutrinação nas escolas brasileiras (leia, se quiser, os documentos oficiais da época/1759) que, diga-se de passagem, ainda não eram públicas, embora fossem mantidas com dinheiro do Estado – a exoprivatização por aqui é bastante antiga!
SEGUNDO Pombal, os clérigos jesuítas (nossos primeiros mestres) eram “infiltrados” [não sei se comunistas] na Colônia para promover motins de indígenas contra a Coroa Portuguesa que queria, a todo custo, escravizar os nativos. O pior é que parece que ele tinha razão, pois justamente a proibição dessa política (de escravização dos índios) custar-lhe-ia o cargo alguns anos depois.
E ASSIM, como se tranca e destranca uma porta e se acende e apaga uma lâmpada apenas girando a chave e apertando o interruptor, respectivamente, de reforma em reforma, chegamos (de novo) à grande novidade da escola cívico-militar. Como diriam aqueles Poetas “comunistas”, “Eu vejo o futuro repetir o passado / Eu vejo um museu de grandes novidades” (Cazuza e Arnaldo Brandão, 1988).
MAS se os grandes males da escola pública brasileira (a da periferia, que fique bem claro!) são a disciplina e a moral (tanto cívica quanto religiosa), e a solução para essas graves chagas é a militarização, nossos problemas acabaram – agora vai!
EXEMPLOS incontestáveis da eficácia, principalmente a longo prazo, desse tipo de educação em nosso País, especialmente entre nossas maiores autoridades civis e eclesiásticas e entre nossos grandes investidores do setor privado, é o que não nos falta!
APENAS um rapidíssimo estalo na memória e um pouquinho de cálculo de adição e subtração, nos fará perceber, por exemplo, que os governantes mais corruptos, os empresários mais corruptores e os líderes religiosos mais charlatões da história desse País, segundo avaliação dos próprios entusiastas do novo-antigo modelo de educação, são ninguém menos que os estudantes daquele áureo período em que quem governava esse País das Maravilhas eram exatamente os impolutos militares. Ah, detalhe! Esse cauculozinho rápido nos levará a descobrir também que essa rapaziada que “não quer nada com nada – só quer saber de desrespeitar pai, mãe, professores..., fumar maconha, transar sem responsabilidade...” – é exatamente a prole daqueles outros garotos que estudaram sob a disciplina cheia de valores morais daquela saudosa escola do governo militarizado. Que coisa, não?! Parece presságio! Credo!
O BOM disso, porém, é que se como dizem, “a palavra convence, mas é o exemplo que arrasta”, e o melhor exemplo é o que vem de cima, em matéria de valores morais, honestidade e disciplina, nem o Exército Hebraico dos tempos de Moisés esteve tão bem servido quanto nós na atualidade.
EM APENAS 3 anos, já estamos no quarto ministro da Educação: o primeiro comparou turistas brasileiros a canibais e orientou que diretores de escola filmassem alunos sem consentimento dos pais. O segundo confundia escritor austríaco mundialmente famoso com iguaria árabe, escrevia (em documentos oficiais), entre outras pérolas “paralização”, “suspenção” e “imprecionante" e, para rebater críticos em redes sociais, chegou a se referir à mãe de um destes como “égua sarnenta e desdentada”. O terceiro... Bem, esse, que “estudou em escolas militares desde criança” e é da mais alta confiança do Presidente, dispensa comentário: basta dizer que foi “exonerado antes de ser nomeado” porque o currículo se mostrou inconsistente quase tanto quanto “nota de 3 reais”. E o quarto (e atual) acaba de premiar o Governo Federal (a sentença saiu no último dia 13/05) em 200 mil reais como sentença condenatória por crime de homofobia – pouco tempo após assumir o Ministério/2020, ofendeu a homossexuais e suas famílias (pelo menos foi o que entendeu, por enquanto, a Justiça).
MAS se, como diz, a sabedoria popular, contra fatos não há argumentos, e o principal legado da educação militarizada é a ordem e a disciplina, basta se observar qual o mais destacado ex-aluno dessa escola no Brasil hoje que, apenas para usar uma máscara como medida sanitária, o País (e até o mundo) vem lutando há mais de um ano. Esse mesmo ex-aluno do modelo de escola-referência em ordem e disciplina, já disse – e reiterou várias vezes – que não vai tomar vacina contra a covid-19 (e somente esta), mesmo seu Governo afirmando que essa é a única mediada segura para, entre outras coisas, fazer o País voltar à normalidade econômica, sua principal bandeira durante a pandemia.
ALIVIA um pouco saber que a população – incluindo seus seguidores, numa demonstração clara e aberta de indisciplina e insubordinação ao superior mais hierárquico –, está preferindo seguir as recomendações dos “indisciplinados” cientistas e médicos formados na escola civil (e tomar a vacina) a dar ouvidos ao exemplo do disciplinado ex-aluno da escola-modelo!
MAS ele já foi melhor. Aos 33 anos, foi aposentado pelo Exército por umas traquinagens bobas, como ter difamado a Instituição que fazia parte, tentado desestabilizar o governo civil que acabara de começar e planejar, com um parceiro de aventura, explodir o quartel onde dava expediente – hoje, provavelmente, ele chamaria tal prática de coisa de vagabundo e terrorismo comunista. Mas os seus admiradores provavelmente as interpretem como atos de bravura e heroísmo patriótico.
POR FIM, como aprendeu na escola militar que “conhecer a verdade liberta”, já figura nas estatísticas internacionais como o presidente que mais produz e compartilha informações mentirosas em toda a história do Brasil.
COMO diz uma Pedagoga de Laranjal do Jari (pelo visto, completamente comunista), SIGAMOS!