A MINHA VONTADE É ESCREVER.

A minha vontade é de escrever todos os dias, como muitos escritores fazem atualmente, com rotinas determinadas de escrita, vivendo exclusiva e unicamente de seus livros e da literatura que produzem, mas, infelizmente, estou longe, a quilômetros de realizar esse sonho. Por enquanto, escrevo quando tenho tempo disponível, e esse tempo, por assim dizer, está cada vez mais escasso.

Existem muitos escritores pelo Brasil que, a meu exemplo, precisam de outro emprego para pagar as suas contas,  sobreviver. Nossa arte literária, por assim dizer, fica sempre em segundo ou terceiro plano.

A escrita é sim uma atividade profissional, um trabalho de cunho intelectual, e, que deveria ser reconhecida como tal, ter todos os direitos que compete a qualquer trabalhador, infelizmente a coisa não é tão simples assim. O jornalismo sim, se utiliza da escrita, talvez seja o que tenhamos de mais próximo como atividade remunerada e registrada na carteira de trabalho advindo da escrita. No entanto, escrever, criar, enveredando em romances, ficção, conto, poesia e tantos outros gêneros não tem esse reconhecimento no âmbito profissional. Talvez, futuramente, o escritor venha ter direitos trabalhistas, férias, décimo terceiro, descanso semanal remunerado, enfim, tudo o que compete a outras profissões.  

Geralmente quem escreve, a nível Brasil, dificilmente sobrevive unicamente de seus livros. É necessário todo um movimento em torno da literatura; como palestras, oficinas de escrita criativa, entrevistas, livros traduzidos em outros países. Uma porção de atividades que juntas ajudam o escritor a pagar as contas sem ter que trabalhar em outros empregos. Todavia, não é fácil chegar nesse patamar. É preciso ralar muitos anos para atingir determinado status e reconhecimento.

Outra coisa que dificulta muito, principalmente para nós, escritores iniciantes, é conseguir uma publicação, 'tradicional', onde a editora investe em você. Prestadoras de serviços literários temos aos montes, e são excelentes, fazem um belíssimo trabalho. Contudo, nem todos os escritores têm o recurso financeiro necessário para bancar as suas publicações e acabam por engavetar as suas obras, 'nisso me incluo também', 'nós', - os sem recursos financeiros - dependemos das grandes editoras, que investem no escritor sem ele ter que desembolsar nada, mas... Grandes editoras não estão interessadas em pequenos nomes. 

O motivo é que não há garantias de retorno financeiro com quem é desconhecido - eu compreendo isso perfeitamente - Porém, existem aqueles pequenos nomes que são verdadeiros talentos, e esses, estão sendo deixados do lado de fora do universo literário.

Nos tempos de hoje, grandes editoras investem em grandes nomes, youtubers, por exemplo, por terem público cativo, quando se aventuram na literatura, automaticamente são alvos de grandes editoras pela certeza do retorno, todavia, a qualidade literária em si, nem sempre é compatível. 

Com o cenário político financeiro atual em crise, eu compreendo essa estratégia de sobrevivência das editoras. Em nosso país se lê pouco, e quando o faz, é uma leitura mais para entretenimento do que conteúdo e conhecimento. Com a pandemia, quarentena, isolamento social, passou a se ler mais, porém, que tipo de livro está sendo consumido? E esse pouco, é ainda um leve engatinhar comparado a outros países. 

Talvez um dia, teremos mais livros, menos burocracia, mais bibliotecas e menos bares. Mais livros nas mãos do que celulares e jogos.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 16/05/2021
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