Voto auditável e outras hipocrisias
Brasília, 15 de maio de 2021.
Montado em seu cavalo e tangendo sua boiada, a autoridade suprema da República mas uma vez pôs a vida de brasileiros em perigo, em plena pandemia de Covid-19. Não que ele se importe, como tampouco se importa seu gado.
O importante era aparecer em manifestação de ruralistas, junto de seu séquito mais fiel de ministros, para criticar governadores, adversários políticos e, sem provas, levantar dúvidas sobre a lisura do voto eletrônico para as próximas eleições de 2022.
Preocupa-se o Presidente com o voto auditável - impresso - para com isso evitar fraudes. Até nisso põe-se fiel à doutrina de Donald Trump, rejeitado pela maioria dos norte-americanos para desgovernar seu país por outros quatro anos.
Tal qual Trump, seja o voto impresso ou não, em hipótese de derrota, Bolsonaro há de vociferar todos os dias até a entrega da faixa presidencial. E tomara que, assim como Trump, possa ele também sumir para a sarjeta da história - da qual nunca deveria ter saído.
Em tempo, é louvável que o presidente preocupe-se tanto com a honestidade e clareza das eleições. A mesma atitude deveria ser adotada para explicar os cheques que sua esposa recebia de um assessor do filho, ou por qual motivo esse filho retinha parte de salários de seus assessores. Ou, ainda, para deixar claro ao Brasil qual a função do vereador federal Carlos Bolsonaro na política de governo, posto que o mesmo participa até de reuniões do ministério da saúde.
Ou quem sabe o presidente pudesse auditar os próprios gastos, com férias milionárias e churrascos caríssimos todos indo para o cartão corporativo.
Talvez, já que ele é tão honesto, poderia ordenar ao seu ex-ministro da pandemia, o grande Gal. Eduardo Pazuello, que respondesse a todas as perguntas na CPI da Covid, jurando falar apenas a verdade.
Mas acho que isso é pedir demais...